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Amazônia: 4ª Revolução Industrial pode ser a solução?

4ª Revolução Industrial pode ser a salvação da Amazônia?

Alvo de intensas disputas e fonte de calorosas discussões entre ambientalistas e exploradores, a Amazônia necessita de outro tipo de modelo para que seja aproveitado todo o seu potencial de desenvolvimento. É o que defende o climatologista Carlos Nobre, partidário de uma chamada “terceira via” para a .

Vinculado ao Instituto de Estudos Avançados da de São Paulo (USP), Nobre, que é ex-pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), acredita que o foco das políticas que vêm sendo adotadas para a Amazônia ao longo dos anos está totalmente errado, uma vez que, em vez de se apostar em medidas que possam gerar riquezas aproveitando todo o potencial da biodiversidade da região, o que temos visto são preferências por investimentos, públicos e privados, numa baseada na substituição da floresta por atividades de baixo valor agregado.

Amazônia
© AFP 2018 / CHRISTOPHE SIMON
Como Amazônia define doutrina da externa brasileira
 
Em recente entrevista à IHU On-Line, o especialista argumentou que, durante muito, o debate sobre o desenvolvimento da Amazônia ficou restrito à tentativa de conciliar a proteção dos ecossistemas em , terras indígenas e reservas extrativistas — primeira via — com a intensificação sustentável da agropecuária e contenção dos desmatamentos causados pela expansão das fronteiras agrícolas e da mineração e hidroeletricidade — segunda via. Segundo ele, isso não serviu para frear a expansão do desmatamento, “ainda que se deva reconhecer que a política de expansão das unidades de conservação e de terras indígenas foi fator preponderante na redução de mais de 70% nas taxas anuais de desmatamento entre 2005 e 2014″.Em declarações à Sputnik Brasil, Nobre afirmou que precisamos, hoje, de uma visão disruptiva para as florestas tropicais e, em especial para a Amazônia. Para ele, a postura mantida até aqui não daria conta de preservar a maior parte dos recursos naturais desses ambientes. Uma das alternativas, de acordo com o pesquisador, seria pensar como as tecnologias atuais, da 4ª Revolução Industrial, poderiam ser utilizadas para extrair valor econômico dos ativos biológicos e biomiméticos da floresta, o que ele chama de terceira via.

“É uma economia que pode ser muito mais inclusiva, que pode realmente trazer muito mais bem estar para as populações amazônicas do que a economia atual, que é muito baseada na exploração intensiva de recursos naturais, principalmente a partir do desmatamento para produção de commodities agrícolas, grãos, carne, exploração mineral, exploração de energia hidrelétrica. Essa economia tem mantido 90% da população amazônica nas classes C, D e E”, explicou.

O climatologista destaca que a perseguição de uma bioeconomia, capaz de desenvolver economicamente a região e também o país, deve ser calcada na biodiversidade, “não uma bioeconomia que elimine a floresta” para que se plante outras coisas.

“Aí, você não atingirá um grande valor. A produtividade, a lucratividade, por exemplo, da pecuária na Amazônia é muito baixa. Mesmo monoculturas de soja, elas têm uma lucratividade maior, mas ela é potencialmente muito menor do que a lucratividade de produtos da biodiversidade.”

Um exemplo mencionado por Carlos Nobre é o caso do açaí. Esse, segundo ele, é um produto que demonstra bem o potencial econômico da biodiversidade da Amazônia nesse contexto da .

“Se nós conseguíssemos 100, 200 produtos da biodiversidade atingindo nichos de mercado globais, nós teríamos uma economia pelo menos cinco, talvez até dez vezes maior do que a economia atual, baseada em pecuária, baseada em produção de grãos e de madeira.”

ANOTE AÍ

Fonte: Sputnik Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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