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Ansiedade Climática: Juventude com medo do futuro

Ansiedade Climática: Jovens com medo do futuro
Maioria dos jovens sofre com ansiedade climática e veem ‘futuro assustador’. Entre os brasileiros, 48% estão hesitantes em ter filhos e 79% têm a sensação de estarem sendo traídos pelo governo em relação a do clima

Por Oscar Valporto | ODS 13 |Projeto Colabora

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Protesto de estudantes contra falta de ação do governo contra na Austrália: pesquisa mostra que ansiedade climática atinge maioria da juventude (Foto: Steven Saphore / Anadolu Agency /AFP – 21/05/2021)
O trabalho, envolvendo pesquisadores de nove instituições, também destaca que a angústia e a ansiedade causadas por questões climáticas estão fortemente relacionadas com a percepção de falta de atitude governamental: 58% dos jovens entrevistados disseram que os governos estão “me traindo e/ou traindo as futuras gerações”, enquanto 64% afirmaram que seus governos não estão fazendo o suficiente para evitar uma catástrofe climática. Entre brasileiros, os dados sobem – de maneira nada surpreendente para quem tem um governo inimigo do meio ambiente – para 77% e 79%, respectivamente.
A desconfiança no governo fica evidente entre os jovens do Brasil: 78% dos entrevistados no país disseram acreditar que os governos estão mentindo sobre o impacto das ações tomadas para conter as mudanças climáticas – percentual mais alto que a média global de 64%; entrevistados do Brasil (21%) e dos (21%) são os menos propensos a concordar com a afirmação de que os governos estão levando suficientemente a sério as questões relacionadas ao clima. “É chocante ouvir que tantos jovens do mundo inteiro se sentem traídos por aqueles que deveriam protegê-los”, afirmou a psicóloga Liz Marks, que apresentou os dados do estudo no lançamento virtual.

Estão muito ou extremamente preocupados com as mudanças climáticas; mais da metade disse sentir-se com medo, triste, ansioso, com raiva, impotente, indefeso e/ou culpado; e 55% dos entrevistados sentem que terão menos oportunidades que seus pais. “A ansiedade de nossas é uma reação completamente racional às respostas inadequadas que eles veem nossos governos dando às mudanças climáticas”, acrescentou a pesquisadora Caroline Hickman.
 
A alemã Luisa Neubauer (à direita) com a sueca Greta Thunberg em protesto em Estocolmo: ativistas apontam sentimentos de raiva, medo, impotência e tristeza entre crianças e jovens (Foto: Christine Olsson / TT News Agency / AFP - 20/08/2021)
A alemã Luisa Neubauer (à direita) com a sueca Greta Thunberg em protesto em Estocolmo: ativistas apontam sentimentos de raiva, medo, impotência e tristeza entre crianças e jovens (Foto: Christine Olsson / TT News Agency / AFP – 20/08/2021)

Ansiedade climática = medo, raiva, tristeza, desespero

A pesquisa será publicada nos próximos dias na revista científica Lancet Planetary Health e, para o lançamento virtual foram convidadas jovens ativistas climáticas como a nigeriana Jennifer Uchendu e a alemã Luisa Neubauer. “A indiferença dos governos com a crise climática me deixa furiosa. E os jovens se sentem não apenas assim: nós sentimos medo, nós vivemos luto. E nós temos uma sensação de impotência quando vemos crise climática avançado sem que os governos nada façam”, disse a ativista de 29 anos, fundadora da SustyVibes, que desenvolve projetos relacionados à mudança climática, ecofeminismo, juventude e poluição na Nigéria.
Luisa Neubauer, de 25 anos, contou que cresceu imaginando que o governo tomaria providências para evitar a crise climática e seus efeitos. “Acabei entendendo que os governantes aqui na Alemanha não enfrentavam o assunto de frente, não tinham respostas para a crise. Essa é a razão porque há esta ansiedade climática porque jovens e crianças começaram a sair às ruas para protestar e cobrar providências no mundo inteira”, afirmou a ativista, lembrando que dia 24 de setembro, sexta-feira, está marcado mais uma greve global pelo clima, convocada pela organização Fridays for Future, liderada pela sueca Greta Thunberg.
A jovem alemã lembrou que as manifestações começaram há três anos e, apesar de protestos no mundo inteiro, não houve as esperadas reações do governo. “Há sempre muitas palavras e pouca ação. Nós vemos cada vez mais crianças nas manifestações porque esses sentimentos de medo do futuro, de falta de esperança, de tristeza mesmo vão se tornando mais presentes”, disse Luisa. “Falta um senso de urgência aos governantes. Não é apenas o futuro que está ameaçado. Os jovens sentem a ameaça da crise climática agora, no seu dia-a-dia”, acrescentou Jennifer Uchendu.
As ativistas também criticaram o trabalho da mídia em relação a crise climática. “A mídia falha em mostrar a dimensão da crise climática e falha na cobrança dos governos. A crise climática ainda é tratada como assunto secundário quando deveria ser o único tema, o condutor de todos os outros”, afirmou Neubauer. “Há muitas pessoas ainda desinformadas sobre como as mudanças climáticas estão afetando a nossa hoje, no presente. A mídia não consegue mostrar o tamanho do problema e também falha em mostrar como as pessoas já afetadas no seu cotidiano estão enfrentando os problemas já causados pela crise – o que poderia inspirar outros na mesma situação e abrir os olhos de quem ainda não vive situações tão dramáticas”, apontou Uchendu.

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Oscar Valporto
Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Está de volta ao Rio após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. É criador da página no Facebook #RioéRua, onde publica crônicas sobre suas andanças pela cidade.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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