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Arara-Azul-Grande: Nascem 2 filhotes no Zoo das Aves, em Poços de Caldas, Minas Gerais

Por: Gabriela Brumatti/Terra da Gente

O ano de 2019 começou com notícias boas para os biólogos e frequentadores do Zoo das Aves de Poços de Caldas (MG): um casal de arara-azul-grande deu origem a dois filhotes. O nascimento é um desafio, seja pelo estado vulnerável em que a ave se encontra ou pelas dificuldades que envolvem a reprodução das araras.

O cuidado com a gestação da espécie começou no final de 2018. “Semanalmente é feita vistoria do ninho para saber se há ovos e quantos. Foi numa dessas vistorias que encontramos os dois ovinhos”, explica a médica veterinária do Zoo das Aves, Ingrid Caputo.

A maturidade sexual das araras-azuis-grandes só é atingida por volta de sete anos de idade. Os casais se relacionam por toda a e a definição dos pares leva em conta a afinidade emocional e social que criam. Assim, há situações em que as araras se “apaixonem” por indivíduos de outras espécies ou até de gêneros opostos, dificultando a reprodução.

As aves ficarão disponíveis para visitação quando estiverem com 8 meses de vida e independentes de cuidados — Foto: Acervo Zoo das Aves

As aves ficarão disponíveis para visitação quando estiverem com 8 meses de vida e independentes de cuidados — Foto: Zoo das Aves

Pondo ovos apenas uma vez por ano, ou até a cada dois anos, a chegada dos filhotes é influenciada por fatores, aliados à ameaça à espécie. Os dados mais recentes estimam que existam apenas 6.500 araras-azuis-grandes no mundo e que elas estejam constantemente ameaçadas pela captura ilegal, perda de habitat e pelo tráfico.

“A arara-azul-grande saiu da lista de Espécies Ameaçadas de do , em dezembro de 2014. Porém, continua como vulnerável e nós continuamos monitorando, pois sabemos que a arara-azul é mais frágil do que as outras grandes araras, pela própria de vida”, explica a Presidente do Instituto Arara Azul, Neiva Guedes.

As araras ficam totalmente emplumadas com três meses de vida — Foto: Acervo Zoo das Aves

As araras ficam totalmente emplumadas com três meses de vida — Foto: Acervo Zoo das Aves

No caso dos filhotes do Zoo das Aves, os pais já possuíam um relacionamento antigo e, há alguns anos, os funcionários buscavam compreender as necessidades da espécie para se reproduzir. “Uma vez que se consiga fornecer todas as condições necessárias para que o esteja feliz e que o seja garantido, a reprodução naturalmente ocorrerá”, comenta Ingrid Caputo.

Mais de dois meses após o nascimento, os filhotes já começam a desenvolver suas primeiras penas e ganhar certa independência. Apesar do intuito não ser a soltura dessas espécies, a reprodução dá abertura para que isso ocorra futuramente, como já ocorreu com outras aves.

Após a saída (da arara-azul) da lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do Brasil, o tráfico voltou a ocorrer em maior intensidade, visto que as penalidades tornaram-se mais brandas
— Neiva Guedes
Um exemplo conhecido de reintrodução é o da população de papagaio-de-peito-roxo no Parque Nacional das Araucárias (SC). “A maioria dos papagaios soltos são vitimas do tráfico, mas uma parte são filhotes desses animais que estão em zoológicos e são encaminhados para o Instituto Espaço Silvestre para que possam passar pelo processo de reabilitação”, conta Vanessa Tavares Kanaan, Diretora Técnica do Instituto Espaço Silvestre.

“O nascimento de um animal ameaçado é muitíssimo comemorado, pois mesmo que os filhotes não sejam introduzidos na natureza, eles são potenciais reprodutores e contribuem para o aumento da população da espécie”, explica a médica veterinária do Zoo das Aves de Poços de Caldas.

As aves são pesadas e controladas até que estejam independentes dos cuidados — Foto: Acervo Zoo das Aves

As aves são pesadas e controladas até que estejam independentes dos cuidados — Foto: Acervo Zoo das Aves

Zoológico aliado

Por conta de locais inadequados que abrigavam animais em situações precárias e zoológicos que visavam apenas o lucro, a imagem desses ambientes foi relacionada a algo prejudicial à . O que muita gente não sabe é que os zoológicos também são aliados da conservação.

A Diretora Técnica do Instituto Espaço Silvestre, Vanessa Tavares Kanaan, ressalta que além de compreender a biologia da espécie e as formas de manejo adequadas para reproduzir um animal silvestre em cativeiro, uma instituição precisa estar em conformidade com a lei.

Arara-azul-grande convive com a ameaça do desmatamento e do tráfico de aves — Foto: Rudimar Narciso Cipriani/ TG

Arara-azul-grande convive com a ameaça do desmatamento e do tráfico de aves — Foto: Rudimar Narciso Cipriani/ TG

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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