Assim nasceu o Aeroporto de Formosa

O surgimento do Aeroporto de Formosa

Formosa – A cidade está localizada em uma encosta suave e pitoresca suave e pitoresca do planalto central; ao longe, delineiam-se morros mais elevados, cobertos de mato, dando a impressão de que Formosa se acha em um vale…

Por Lysias A. Rodrigues

A cidade apresenta-se como um bosque, e tantas são as enormes árvores frutíferas, de onde sobressaem as manchas avermelhado-escuras dos telhados. Há, e isto chama logo a atenção, grande número de casas em construção, índice seguro de progresso local; entre , está a usina elétrica, de estrutura de concreto, de três andares. 

Antes do almoço fomos ver um terreno junto e a NW, da cidade, que nos pareceu prestar-se para campo de aviação. Havíamos resolvido pernoitar esse dia em Formosa, porque a distância a Olhos d´Água (hoje São João da Aliança), era muito grande para podermos atingir nesse dia, com a má estrada que liga essa vila a Formosa.  

O prefeito, aliás, já havia reservado aposento para nós no Hotel Amato, o único da cidade, que muito deixava a desejar em higiene e conforto. Depois de trocarmos ideias com o prefeito, ficou resolvido que seria reservada e preparada uma área de 1.000 por 600 metros, para o campo da aviação, com a possível brevidade, pois que o terreno se apresentava deveras favorável.

Expusemos ao prefeito qual a orientação seguida pelo Departamento de Aeronáutica Civil, de que os campos de aviação deveriam ser aeroportos municipais, preparados e conservados pelas respectivas prefeituras; o prefeito assegurou-nos que seria baixada a lei municipal necessária nesse sentido, reservando a área do terreno, cercando-0 e preservando-o de construções nas proximidades.

Junto ao campo existe um posto metereológico do Ministério da ; conversando com o encarregado, verificamos que a cidade dispõe de ótimo

O vento normal é do quadrante E, muito fresco até meio dia, e quase sempre forte; em junho e julho é gélido. De outubro a abril há chuvas gerais, sendo dezembro o mês mais chuvoso. Em janeiro, há ali o “veranico”, de 15 dias, semelhante ao de maio no sul do País.

O vento em Formosa, encanado no vale em que está localizada a cidade, desvia a direção, dando a indicação errônea; desde que se suba o planalto ao Norte da cidade verifica-se isto.  o então responsável pelo posto metereológico, perturbado pelo interrogatório que fazíamos, dava a impressão do aluno descuidado ante o inspetor escolar; no entanto, tinha seu serviço religiosamente escriturado.

A energia elétrica de que dispõe a cidade é captada na cachoeira das Bandeirinhas, em 3 saltos, com 62 metros de queda, situada a 12 quilômetros da cidade (220 volts, 50 ciclos).

A entrada para a usina tem rampas fortes e curvas bem perigosas. A força e luz necessárias para o aeroporto pouco dispêndio darão, pois bastará puxar os fios só por 1 quilômetro. 

Existe na cidade uma pequena oficina mecânica. Há médico e fazem os habitantes grandes esforços para construir um hospital. O local escolhido para o hospital tem um panorama deliciosamente lindo, dominando a Lagoa Feia. 

Próximo à cidade há uma mina de minério de ferro, que foi muito explorada no do Império, e que, segundo informações locais, tem um teor de 90% de ferro puro. Achamos exagerado o teor; e só um exame químico revelará a verdade.

Lysias Augusto Rodrigues (1896-1956) – em Roteiro do Tocantins, Revista Aeronáutica Brasileira, 3a edição, 1987. Foto do Aeroporto de Formosa (data indefinida): mapio.net


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Réquiem para o Cerrado – O Simbólico e o Real na Terra das Plantas Tortas

Uma linda e singela história do Cerrado. Em comovente narrativa, o Altair Sales nos leva à simples e feliz  no “jardim das tortas” de um pacato  povoado  , interrompida pela devastação do Cerrado nesses cruéis que nos toca viver nos dias de hoje. 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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