Athos Bulcão: A simplicidade genial

Athos Bulcão: A simplicidade genial

Athos Bulcão: A simplicidade genial

Por Zarur e Samanta Sallum/Olhar Brasília 

O sol faz a festa! Brinca com as sombras e os volumes na fachada do Teatro Nacional. Seria difícil imaginar blocos de concreto que parecem não ter peso e que, ainda por cima, trazem um toque lúdico. Mas Athos Bulcão consegue a mágica.

Seria difícil também imaginar o Teatro com as paredes lisas e monótonas como qualquer outra. Mas aqui é Brasília, a cidade-invenção, e não poderia ter sido campo mais fértil para a criatividade de Athos.

Ele integrou de forma tão natural a obra de arte à paisagem, que a gente nem se da conta de toda a genialidade exposta nos nossos caminhos. Talvez o mais extraordinário do de Athos seja justamente isso: ele não precisa de museus pra exibir suas criações. Está mais próximo dos olhos e dos corações do brasiliense do que qualquer outro.

Chega a ser impossível dissociar a imagem da cidade das formas de Athos. Como falar de Brasília e não pensar nos azulejos? Uma das imagens que vem à cabeça, na hora, é o delicado painel da Igrejinha.

Acho que minha admiração por Athos Bulcão é hereditária. Permanece ao longo das gerações da família. Ainda mais quando a gente descobre segredos da personalidade daquele senhor, que antes só conhecíamos por fotos e pelas obras.

Outro dia, conversando com Valéria Cabral, a maior guardiã da do artista e diretora da Fundação Athos Bulcão, me encantei ainda mais com a generosidade dele. Ela me contou que, em muitos painéis, Athos deixava os pedreiros livres para assentarem os azulejos da maneira que quisessem.

Dava pequenas orientações, com voz serena e paciência. Assim, sem empáfia e sem alarde, convidava os operários a serem coautores da obra.

Este ano comemoramos o centenário de Athos Bulcão. Mas nós, brasilienses, temos o privilégio de, mesmo sem saber, comemorar esse artista todos os dias do ano. Em cada “esquina” da cidade, ele nos lembra, com e formas, que a vida deve ser sempre leve e bela!

Fonte: www.olharbrasilia.

Biografia de Athos Bulcão

Athos Bulcão era um artista de rara sensibilidade. Foi pintor, escultor e desenhista. Deixou sua marca inconfundível na construção da capital da República.

Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de julho de 1918. Ainda jovem deixou o curso de para se dedicar as artes visuais.

Athos Bulcão
Creative Commons – CC BY 3.0 – Athos Bulcão
Olimor / Wikipedia

Sua primeira exposição individual aconteceu em 1944 na inauguração da sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil na capital carioca. Tornou se amigo de Burle Marx, Calros Scliar e Bianco.

Como a arte lhe rendia poucos recursos, ingressou no Serviço de Documentação do Ministério da onde fez ilustração de catálogos, e livros, entre eles, o Encontro Marcado e A Cidade Vazia do mineiro Fernando Sabino.

Com o trabalho consagrado passou também a desenhar capas para as revistas Brasil e Módulos de Arquitetura, além de cenários de peças teatrais.

Inquieto, em 1952 começou a recortar imagens fotográficas de origens diversas e montou novos conjuntos por ele fotografados. Suas fotomontagens surpreendem pela lógica que surgem das imagens associadas.

Em 1958, com a transferência da capital para Brasília, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer, foi requisitado do MEC para a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Foi a oportunidade que esperava. Com essa parceria se tornou um dos principais artistas a desenvolver uma obra de arte integrada a Arquitetura.

Sua obra está ligada aos espaços públicos, entre murais, painéis e relevos para os edifícios do , Câmara dos Deputados, Teatro Nacional Cláudio Santoro, Palácio do Itamaraty, Palácio do Jaburu, Memorial Juscelino Kubitschek, Capela do Palácio da Alvorada, Hospital Sarah Kubistchek e outros.

Em seus azulejos destacam-se a modulação e o grafismo habilmente criados com base nas formas geométricas.

Athos Bulcão recebeu vários prêmios e condecorações pelo conjunto da obra, como a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura, em 1995.

Faleceu em 2008, aos 90 anos de idade, no Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, devido a complicações do mal de Parkinson.

Fonte: www.ebc.com.br 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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