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A´uwe Tsari – O apelo do povo Xavante

A´uwe Tsari – O apelo do

Povo indígena de Mato Grosso promove campanha de arrecadação para combate à pandemia que tem se alastrado rapidamente

A pandemia da já ceifou quase 60 mil vidas no . E entre as populações mais vulneráveis estão os . Depois de resistirem bravamente à invasão dos brancos por 450 anos, os A'uwe, ou “gente” Xavante, agora lutam contra um inimigo invisível que está dizimando suas crianças a anciãos.

O primeiro óbito entre os no país, como reporta Safira Campos no PNBonline, foi exatamente um bebê xavante de oito meses da aldeia de Marawãitsédé, localizada no município de Alto Boa Vista, a 914 km da capital de Mato Grosso. Somente na virada de 29 para 30 de junho, segundo reportagem da Gazeta Digital, morreram mais cinco xavantes, incluindo o técnico em enfermagem Fabrício Oerewa, de Barra do Garças, a 500 km de Cuiabá. Outros nove xavantes da região também faleceram infectados com o novo coronavírus no último final de semana.

Com um governo denunciado ao Tribunal Penal Internacional pela política de genocídio indígena E por sua ação na pandemia de Covid-19, essa situação infelizmente já era previsível. Por isso, na semana passada, foi lançada a campanha de doações em dinheiro A´uwe Itsari, ou SOS Xavante. Coordenada pela Fetec-CUT/Centro Norte, em parceria com a Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt), o Condise (Conselhos Distritais de Saúde Indígena) ligado ao Distrito Especial Sanitário Xavante, pretende levantar fundos em resposta à situação emergencial causada pela Covid-19 entre o povo Xavante.

O FINANCIAMENTO COLETIVO PRETENDE ARRECADAR R$ 250 MIL EM 60 DIAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM POSTO AVANÇADO DE SAÚDE COM O OBJETIVO DE DIMINUIR O NÚMERO MÉDIO DE DOIS ÓBITOS POR DIA NAS ALDEIAS. VISITE O SITE: HTTPS://WWW.CAPTAR.INFO/CAMPANHA/SOSXAVANTE/ E COLABORE COM A CAMPANHA.

Fonte: Jornalistas Livres

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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