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Baiana que sequenciou genoma do novo coronavírus vence Prêmio Capes de Tese

Baiana que sequenciou genoma do novo coronavírus vence Prêmio Capes de Tese
 
Biomédica Jaqueline Goes foi premiada por pesquisa que mostra como deve atuar em futuras epidemias de arboviroses
 
A baiana Jaqueline Goes, coordenadora da equipe que sequenciou, no tempo recorde de 48 horas, o genoma do SARS-CoV-2, no Brasil, foi a ganhadora do Prêmio Capes de Tese em Medicina II, edição 2020, oferecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no último dia 10. Seu estudo trata dos principais vírus que assolam o território brasileiro na atualidade e também faz a identificação genética de organismos com maior potencial de causar epidemias no país: zika, dengue, chikungunya e febre amarela.

Intitulado ‘Vigilância genômica em tempo real de arbovírus emergentes e reemergentes', o trabalho teve como principal meta compreender a origem, o processo de introdução no país e o modo de dispersão da família de vírus transmitidos por mosquitos, os arbovírus.

Em sua pesquisa, Jaqueline estudou e acompanhou casos desses vírus no Brasil, na tentativa de prever a ocorrência de novos surtos. “A partir do momento que você sequencia o genoma de um determinado vírus, você consegue ter informações necessárias para entender e enfrentar novas epidemias”, observa a cientista. Ela, que já faz estágio pós-doutoral no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que o conjunto de informações sobre o DNA de cada um destes microrganismos pode ajudar o sistema de saúde e a ciência a entenderem “como o vírus se dispersa na população, qual a sua taxa de transmissão, quais as mutações que o vírus já sofreu e qual a dinâmica da sua ação sobre a população”.

O efeito prático do trabalho da tese será contribuir com o setor público de saúde do Brasil, mostrando como atuar em futuras epidemias. “Meu trabalho pode ajudar os laboratórios dos estados a identificar, agora com rapidez, a presença do vírus em uma determinada região. O que ocorria antes era que os laboratórios centrais de saúde dos estados identificavam alguns casos, mas não conseguiam ir muito além. Uma das minhas propostas centrais é difundir todo o conhecimento que eu alcancei para que eles possam realizar a identificação e o diagnóstico do genoma ali mesmo, naquele local”.

Graduada em Biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e , e mestre em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI), pela Fiocruz da Bahia, Jaqueline desenvolveu toda a sua pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Patologia (PGPAT), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e realizou doutorado-sanduíche nas Universidades de Oxford e de Birmingham, na Inglaterra.

O Prêmio Capes de Tese 2020 foi concedido às melhores teses de doutorado defendidas em 2019. No total, 49 trabalhos foram premiados. Três foram escolhidos como vencedores do Grande Prêmio Capes de Tese, representando as áreas de Engenharias, Ciências Exatas e da Terra, Ambientais e Multidisciplinar, Ciências Biológicas, da Saúde e Agrárias e Ciências Sociais Aplicadas, Linguística, Letras, Artes e Interdisciplinar.

Criado em 2005, o prêmio é fruto da parceria entre a Capes, a Fundação Carlos Chagas, a Comissão Fulbright, o Instituto Serrapilheira e, mais recentemente, a Dimensions Sciences (DS), uma organização não governamental norte-americana que condecora exclusivamente mulheres. Os critérios de seleção consideram a originalidade do trabalho e sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação.

*Sob orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.

Fonte: Correio24h

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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