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Balbúrdia no cerrado: cura para a tuberculose e hanseníase

Balbúrdia no cerrado: cura para a tuberculose e hanseníase

Pesquisa da UFG pode dar origem a novo medicamento para tuberculose

A substância também tem potencial para auxiliar em tratamentos de bactérias presentes em infecções adquiridas em UTI

Kharen Stecca

Desde a década de 1960 o tratamento para tuberculose é o mesmo e envolve um protocolo de seis meses, com uso de quatro drogas com grande potencial de toxicidade, o que acaba fazendo com que vários pacientes abandonem o tratamento. Esse abandono é um risco não só para o paciente, mas também para a eficácia da droga, pois as bactérias criam aos medicamentos. Ciente disso, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás em parceria com a Universidade de estão estudando novas alternativas ao tratamento e encontraram no veneno do escorpião e das vespas uma alternativa que promete maior eficácia. A molécula não age como os antibióticos atuais que entram na bactéria para matá-la, mas age na barreira externa da bactéria, o que evitaria problemas de resistência ao medicamento.

Segundo a professora do Instituto de Patologia e Medicina Tropical, Ana Paula Junqueira Kipnis, a pesquisa começou a partir de um edital do CNPq, para montar uma rede de biotecnologia e no Centro-Oeste. A princípio, investigou-se o potencial de plantas do , mas em seguida, com base nos conhecimentos já existentes passou-se a investigar o potencial do veneno dos artrópodes. Sabia-se que no veneno deles existem peptídeos (pedaços de proteína) com ação antimicrobiana. Esses peptídeos servem para proteger esses animais, porque se ligam na superfície das bactérias e não deixam passar nutrientes em suas paredes, o que provoca a morte das bactérias.

A partir daí a Universidade de Brasília com autorização do CNPq para acesso ao genético da , prospectou essa substância em colmeia de vespas e em escorpiões. Com base nessas substâncias foi feita uma modificação da proteína, que foi aplicada em testes para tratamento de diversas . Nos testes, os resultados foram promissores, pois os peptídeos antimicrobianos foram mais eficazes que os antibióticos convencionais para tratar tuberculose e micobacterioses. A grande vantagem é que essa substância não é tóxica e não há mecanismo de resistência, pois a substância não age no microrganismo, mas apenas se liga à parede atrapalhando a troca de nutrientes.
Outro também mostrou que a substância pode ser utilizada para combater uma bactéria muito comum em infecções de UTIs, a Acinetobacter e a superbactéria resistente a antibióticos (Estafilococos resistente a meticilina) e pode ser promissor em outras doenças como hanseníase. A pesquisa está agora em fase de reconhecimento de patente. Para chegar ao mercado, empresas precisam se interessar pela patente e ainda é preciso fazer testes em humanos.

Fonte: Secom UFG

 Na foto de capa: Equipe de pesquisadores responsáveis pelo : André Kipnis, Ana Paula Junqueira Kipnis (professores), Rogério Coutinho das Neves, Camila Oliveira, Carine Castro e Neila Teixeira.

Destacamos a presença da jovem Neila Teixeira, de Monte Alegre de Goiás. Um pequeno município do Nordeste Goiano. Uma pequena cidade, celeiro de intelectuais e grandes poetas. Parabéns a jovem Neila, aos seus pais JODECY E ADNAURA e a todos monte alegrenses.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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