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Barbados: A mais nova república do planeta

Barbados: A mais nova república do é comandado por uma negra e começa sua nomeando uma heroína negra

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Depois de quatro séculos de submissão ao trono britânico, incluindo mais de 200 anos de escravidão, abolida apenas em 1834, Barbados, uma das ilhas mais paradisíacas do Caribe, tornou-se, no dia 29 de novembro,  a mais nova república do planeta.

Realizada em Bridgetown, capital do país, a cerimônia em que a rainha Elizabeth II deixou de ser a chefe de da ilha, ocorreu na presença do príncipe Charles, representante da coroa britânica. Nela, na madrugada do dia 30, foi empossada  Sandra Mason, até então governadora-geral de Barbados, como sua primeira presidenta.

“A República de Barbados zarpou para sua viagem inaugural”, declarou a presidenta Mason, de 72 anos, em seu discurso de posse. Mason, que começou sua carreira como professora, foi secretária, advogada e representante oficial da rainha na ilha, até ser eleita indiretamente para a presidência pelo parlamento de Barbados.

Como presidenta, Sandra Mason terá o cargo mais alto do país, mas suas funções serão em grande parte cerimoniais, já que o país adotou o sistema parlamentarista, e na maioria dos casos  as decisões de Mason dependerão da assinatura conjunta da primeira-ministra, Mia Mottley.

Também durante a cerimônia,  Rihanna, a cantora negra que nasceu em Saint Michael e  cresceu na cidade de Bridgetown antes de se mudar para os , foi nomeada heroína da .

Rihanna foi parabenizada pela primeira-ministra Mia Mottley, que fez até uma referência à  “Diamonds” em seu discurso. “Que você continue a brilhar como um diamante, a honrar sua nação por meio de seus trabalhos, de suas ações”, disse Mottley.

Com quase 290 mil habitantes, a de Barbados é voltada par ao o turismo e sofreu grandes perdas com a pandemia da . Agora, militantes de movimentos negros acreditam que a proclamação da república será um primeiro passo para obter reparações financeiras pelos mais de dois séculos de escravidão.

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Zezé Weiss – Jornalista. Com informações da AFP,  Ansa, e jornal O Globo. Fotos: Getty Images.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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