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BORBOLETAS E PESTICIDAS ENTRE RIOS COLORIDOS

Borboletas e pesticidas entre rios coloridos

Nosso país é abençoado com uma vastidão de recursos e riquezas naturais, poderes tão imensos que parecem capazes de transformar florestas em vastos roçados de gigantes, como se fosse mágica. Essa mesma força, infelizmente, tem o poder de mudar até a cor dos nossos rios. Veja o Rio Doce, outrora uma veia cristalina de vida, hoje manchado pela lama tóxica da ganância.

O Rio Paraopeba, que também sofreu as consequências da exploração desenfreada, e o Rio Tapajós, que, apesar de ainda resistir, já sente os efeitos das atividades humanas que ameaçam sua pureza. E o que dizer do futuro? Um dia, talvez, pintemos até o mar com as sombrias de nossos excessos.

O , um país de dimensões continentais, é visto por muitos como o celeiro do mundo. Alimentos e recursos fluem de suas terras, mas a que custo? Nossas florestas, que deveriam ser um patrimônio , estão sendo devoradas pelo avanço do , que, sem dó, transforma matas virgens em campos de cultivo.

A terra, que antes alimentava e abrigava o , que nutria a fauna e a flora em uma dança harmoniosa, agora é forçada a ceder seus nutrientes para alimentar um mundo faminto, cada vez mais distante das raízes que sustentavam sua diversidade.Borboletas e pesticidas entre rios coloridos

Em meio a esse cenário de devastação, é impossível não lembrar do hino que entoamos com orgulho, “, Liberdade, abre as asas sobre nós”.

Esse verso, que compõe o Hino à Proclamação da República, escrito em 1890 pelo jornalista e escritor Medeiros e Albuquerque e pelo compositor e maestro Leopoldo Miguez, carrega um desejo profundo de emancipação e soberania.

No entanto, essa liberdade que tanto almejamos, e que foi proclamada com tanto fervor, parece ter se tornado uma faca de dois gumes.

Se, por um lado, ela nos permitiu crescer e avançar como nação, por outro, deu margem para que a exploração desenfreada das nossas riquezas naturais se tornasse a regra, não a exceção.

E as borboletas? Essas criaturas frágeis, que um dia flutuaram livremente pelos campos e florestas do Brasil, são agora vítimas de um inimigo invisível: os pesticidas. Essas substâncias, criadas para proteger nossas lavouras, acabam por envenenar o ar, a água e o solo, comprometendo a vida de inúmeras espécies.

A liberdade, que deveria ser um direito de todos os seres vivos, foi deturpada, e os pesticidas, em sua implacável marcha, desafiam o próprio conceito de vida, trazendo morte e destruição em seu rastro.

Penso nas borboletas e na liberdade que tanto prezamos. Para onde irão essas criaturas delicadas quando os pesticidas, em plena liberdade, desafiarem no nosso peito a própria morte? A resposta não é simples. Assim como não é simples lidar com o paradoxo de viver em um país onde o desenvolvimento é frequentemente sinônimo de destruição.

As borboletas, além de sua beleza e leveza, são indicadoras da ambiental de um ecossistema. A presença delas em uma área é sinal de que aquele ambiente é equilibrado, capaz de sustentar vida em suas formas mais variadas.

As borboletas e pesticidas entre rios coloridos

Contudo, quando o equilíbrio é rompido, as borboletas são as primeiras a desaparecer. O uso excessivo de pesticidas, a destruição de habitats naturais, a poluição dos rios, tudo isso contribui para o declínio das populações de borboletas e de outros polinizadores essenciais para a manutenção da biodiversidade.

O Brasil, com sua vasta biodiversidade, deveria ser um exemplo de conservação e sustentabilidade. Mas, ao invés disso, temos testemunhado um ciclo incessante de degradação. As florestas que caem, os rios que secam, as espécies que desaparecem, tudo em nome de um progresso que parece cego às consequências a longo prazo. E, nesse cenário, as borboletas são uma triste metáfora para o que estamos perdendo.

É paradoxal que um país que canta tão fervorosamente sobre liberdade possa permitir que essa mesma liberdade seja usada para justificar a destruição do que é mais precioso.

“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós” – mas que liberdade é essa que não protege os mais vulneráveis?

Que liberdade é essa que permite a contaminação de nossos rios, a destruição de nossas florestas, a de nossas borboletas?

Nossos rios, uma vez claros e cheios de vida, agora carregam as cores sombrias de nosso progresso desenfreado. O Rio Doce, tingido pela lama da mineração, é apenas um dos muitos exemplos de como o desenvolvimento pode ir de mãos dadas com a destruição.

O Rio Paraopeba, vítima do mesmo descaso, e o Rio Tapajós, ameaçado por projetos que parecem ignorar sua importância para as comunidades locais e para a biodiversidade, são testemunhas silenciosas do preço que pagamos pelo crescimento.

E as borboletas? Elas continuarão a desaparecer, a menos que tomemos medidas drásticas para mudar o rumo que escolhemos. Precisamos repensar nossa relação com a , reconsiderar o que entendemos por progresso e desenvolvimento.

É possível crescer sem destruir? Podemos alimentar o mundo sem sacrificar nossas florestas, nossos rios, nossas borboletas? Essas são perguntas que precisamos fazer, e cujas respostas determinarão o futuro de nosso país e de seu papel no mundo.

É necessário que o Brasil, com toda a sua natural, assuma a responsabilidade de proteger o que resta de suas florestas, de seus rios, de sua fauna e flora. Devemos lutar por um desenvolvimento que seja verdadeiramente sustentável, que respeite os limites da natureza e que garanta um futuro em que borboletas possam voltar a flutuar livremente por nossos campos.

“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós” – mas que essa liberdade seja acompanhada de responsabilidade, de respeito pela vida em todas as suas formas. Que possamos olhar para nossos rios e vê-los limpos e cheios de vida.

Que possamos caminhar por nossas florestas e sentir a presença de todas as criaturas que as habitam. E que, um dia, possamos dizer com orgulho que o Brasil é, de fato, o país do futuro – um futuro que inclui não apenas o ser humano, mas todas as formas de vida que compartilham este planeta conosco.

NOTA DA REDAÇÃO: Esta matéria foi revisada e editada por inteligência artificial, não necessariamente com a concordância da autora. Mesmo que o texto não contenha incorreções e  tenha ficado mais completo, a autora do texto original, Zezé Weiss, discorda do tom adotado pelo além, e apenas concorda em manter a publicação por respeito à excelente e solidária equipe que cuida do site, que resolveu arriscar nessa nova e provavelmente irreversível aventura da Inteligência Artificial. Vamos ver no que vai dar…

Borboletas e pesticidas entre rios coloridos

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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