Borboletas, suas lindas!
Borboletas, parapanás ou parapanãs: quem não ama esses insetos lindos? Quem não se sente mais alegre, mais feliz e com um dedo a mais de esperança quando passam por nós as asas coloridas de uma borboleta?
Por Zezé Weiss
Pois bem, nossas lindas borboletas, insetos da ordem Leptora, classificados nas superfamílias Hesperioidea e Papilionoidea, que constituem o grupo informal Rhopalocera, estão no planeta Terra há muito, muito tempo: os fósseis mais antigos de borboletas são de 40-50 milhões de anos atrás, era geológica conhecida como Eoceno.
Tema popular nas artes visuais e literárias, a borboleta é um dos símbolos sempre presentes tanto no Ocidente como no Oriente.
Na Grécia antiga, uma mulher com asas de borboleta representava a alma. Quando alguém morria, a alma da pessoa morta deixava o corpo na forma de uma borboleta, e dali saía voando. No Japão, até os dias de hoje, a borboleta é associada à figura da mulher-gueixa, elegante e graciosa. Também no Japão, o casamento feliz é simbolizado por duas borboletas juntas.
Para a psicanálise, a borboleta está associada à renovação e ao renascimento. Do casulo onde se desenvolve, a borboleta se lança para a vida, espraiando cores e esperanças. No Cristianismo, a jornada da borboleta está associada à vida, morte e ressurreição de Cristo. Para o Espiritismo, simboliza a reencarnação. Para o movimento LGBT, a transformação e a metamorfose.
Algumas borboletas, como a borboleta-monarca, migram longas distâncias. Algumas desenvolvem relações simbióticas com outros insetos, como as formigas. Algumas polinizam plantas, outras comem insetos. Cada uma delas tem uma cor e um significado especial. Veja que lindeza:
BORBOLETA AMARELA – Renovação. Anuncia mudanças e ventos favoráveis.
BORBOLETA AZUL – Evolução. Crescimento.
BORBOLETA BRANCA – Paz. Leveza. Serenidade.
BORBOLETA COLORIDA – Alegria e Felicidade.
MARIPOSA – Paixão. Atraída pela luz, a mariposa acaba por se queimar, como acontece com os seres humanos, quando se deixam queimar pela paixão.
Zezé Weiss– Jornalista e Editora da Revista Xapuri. Foto: Divulgação.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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