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Boussounauro: “Já nomeei parente sim. Qual é o problema?”

Boussounauro: “Já nomeei parente sim. Qual é o problema?”

Da Revista Fórum via Brasil 247 Embora tenha sido eleito com um discurso moralizante e prometer que acabaria com o que chamava de “mamata” nos cargos públicos, o presidente Jair Bolsonaro não acha inadequada a nomeação de parentes e assumiu prática ao comentar a reportagem do jornal O Globo que revela que ele e seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos empregaram 102 pessoas com laços familiares nos últimos 28 anos.

“Que mania que todo parente de político não presta? Eu tenho um filho que está para ir para os e foi elogiado pelo Trump. Vocês massacraram meu filho, a imprensa massacrou, (chamou de) fritador de hambúrguer”, reagiu Bolsonaro.

Em tom indignado, o presidente disse que nem possui 102 parentes, sendo corrigido pelos repórteres de que se tratava não apenas de familiares seus, mas de funcionários também, como por exemplo a personal trainer Nathália Melo de Queiroz, ex-assessora de Jair Bolsonaro na Câmara e filha do motorista Fabricio Queiroz, que não dava expediente na Câmara dos Deputados e repassava 80% de seus vencimentos ao pai.

Bolsonaro disse que nomeou parentes apenas no período em que o Supremo Tribunal Federal (STF) não proibia esse tipo de nomeações. A reportagem informa que o então deputado já empregou ex-sogros em seu gabinete na Câmara. “Já botei parentes no passado, sim, antes da decisão de que nepotismo seria crime. Qual é o problema?”, indaga o presidente que nomeou o filho Eduardo Bolsonaro para ocupar a Embaixada do nos Estados Unidos.

Segundo , para o seu Yanomami o presidente é um xauara, ou seja um ser humano que tem o pensamento adoecido. Como optamos por não usar nem o nome nem foto do presidente na capa do nosso site, adotamos o conceito Xauara dos Yanomami. 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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