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Brasil: Ante o desgoverno socioambiental, ambientalistas preparam plano de contingência

Brasil: Ante o desgoverno socioambiental, ambientalistas preparam plano de contingência

KATOVICE, Polônia (Thomson Reuters Foundation) – Com suas paredes de madeira e pôsteres sobre proteção da fauna e da flora, o pavilhão do Brasil nas negociações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) na Polônia não oferece pistas sobre a revolta no país e no exterior em razão das mensagens divergentes sobre aquecimento global de seu presidente eleito.

Mas promessas de campanha feitas por Jair Bolsonaro que podem enfraquecer a proteção da Floresta Amazônica são um assunto quente entre visitantes, disse Caio Henrique Scarmocin, um dos três apresentadores do estande.

Durante a conferência, cujo resultado será crucial para implementar o Acordo de Paris sobre o clima, de 2015, cientistas e ativistas ambientais disseram que estão se preparando para a possibilidade de os pedidos feitos a Bolsonaro para que proteja a Amazônia fracassem.

Declarações de campanha de Bolsonaro, que toma posse em janeiro, sugerem que terras indígenas sejam abertas para exploração econômica, incluindo agronegócio e mineração, e flexibilização de multas ambientais.

A capacidade do Ibama de multar quem viola leis ambientais é uma das melhores defesas do governo contra destruição de florestas, alimentando temores de um aumento no desmatamento sob o novo governo.

Bolsonaro também teve participação na decisão do governo de Michel Temer de retirar sua oferta para sediar a próxima conferência do clima da ONU, no ano que vem.

“Ele tem uma abordagem hostil a questões ambientais”, disse Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, instituto brasileiro que monitora o desmatamento na Amazônia.

O Brasil abriga cerca de 60 por cento da Floresta Amazônica, considerada por muitos como a melhor arma da natureza contra o aquecimento global, porque árvores absorvem e armazenam carbono do ar.

Alfredo Sirkis, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, disse acreditar que ainda seja possível dialogar com o futuro governo.

Mas se retrocessos ambientais acontecerem, há um “plano de contingência”, disse ele a jornalistas.

Uma coalizão reunirá governos regionais comprometidos em respeitar as metas de redução de emissões do Brasil definidas sob o Acordo de Paris, afirmou Sirkis.

Governadores em até sete Estados, incluindo Amazonas, Pernambuco, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul já manifestaram interesse em fazer parte, disse ele.

“Isso é só para começar”, declarou o ex-parlamentar.

Um porta-voz da Presidência do Brasil nas negociações não quis comentar.

ANOTE AÍ

Fonte: REUTERS

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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