Brasil Busca Repatriação de Araras Enviadas à Índia Sem Autorização
O Brasil está em uma corrida contra o tempo para repatriar 30 aves brasileiras enviadas à Índia sem a devida autorização do governo.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) anunciou que tomará medidas para garantir que as 26 ararinhas-azuis e as 4 araras-azuis-de-lear, que foram enviadas em fevereiro para o zoológico Greens Zoological Rescue and Rehabilitation Centre (GZRRC) na Índia, sejam devolvidas ao Brasil. Este episódio levanta questões cruciais sobre o comércio internacional de espécies ameaçadas e os desafios de sua conservação.
Apreensão e Repatriação
De acordo com o ICMBio, o Brasil está solicitando a repatriação das aves enviadas pela Associação para Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP), uma organização com sede na Alemanha. A ACTP, embora tenha argumentado que notificou o governo brasileiro sobre a parceria com o GZRRC, não cumpriu as normas estipuladas pela CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens).
O Brasil destaca que todas as transferências internacionais de espécies ameaçadas, como as ararinhas-azuis e araras-azuis-de-lear, devem ser autorizadas pelo Programa de Manejo da ave e endossadas pelo governo brasileiro.
CITES e Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas
A CITES é uma convenção internacional que regulamenta o comércio de espécies ameaçadas para garantir que esse comércio não ameace sua sobrevivência. No entanto, a proposta de permitir o comércio de exemplares de cativeiro das araras brasileiras, que pode ser discutida na 77ª reunião do Comitê Permanente da CITES em Genebra, tem gerado controvérsias.
Defensores das transações argumentam que a venda de exemplares de cativeiro poderia gerar recursos para a conservação das espécies. No entanto, autoridades e especialistas brasileiros temem que essa abordagem possa estimular o tráfico de vida selvagem e não contribuir de forma significativa para a preservação das araras na natureza.
Questões de Conservação e Preocupações Locais
As ararinhas-azuis e as araras-azuis-de-lear são espécies exclusivas da Caatinga, um bioma brasileiro. A conservação dessas aves é crucial para manter a biodiversidade do Brasil e garantir a sobrevivência dessas espécies ameaçadas. A preocupação com o tráfico de animais selvagens é um fator importante, pois a legalização do comércio pode criar um mercado paralelo que ameaça a vida selvagem.
O posicionamento do governo federal foi expressado pelo diplomata Ângelo Paulo Sales dos Santos durante a reunião da CITES. O Brasil não apenas se opõe à proposta de comercialização internacional de araras, mas também solicitou informações sobre as ararinhas-azuis e araras-azuis-de-lear presentes em criadouros na Europa. Essas ações visam proteger a integridade das espécies e garantir que suas populações continuem a prosperar em seu habitat natural.
Apreensão na Alemanha e Investigação
Recentemente, mais de 50 aves, incluindo ararinhas-azuis e araras-azuis-de-lear, foram apreendidas no distrito de Görlitz, na Alemanha, perto da fronteira com a Polônia. As aves foram encontradas em posse de um suspeito cuja identidade não foi revelada.
A apreensão também incluiu cacatuas e outros animais silvestres, além de uma quantidade significativa de euros, armas e drogas. A complexidade do caso levou a uma investigação detalhada, e as autoridades estão colaborando para entender a magnitude do problema.
O porta-voz do Escritório de Investigação Alfandegária de Dresden revelou que a divulgação de mais detalhes poderia comprometer a segurança dos envolvidos na investigação. O episódio ocorreu poucos dias antes da reunião da CITES, o que levanta a possibilidade de uma conexão entre as apreensões e as discussões sobre o comércio globalizado de araras.
A situação atual destaca a necessidade de uma abordagem rigorosa e coordenada para proteger as espécies ameaçadas e garantir que as normas internacionais sejam seguidas.
O Brasil, por meio do ICMBio e do governo federal, está tomando medidas para assegurar a repatriação das aves e evitar que o comércio internacional comprometa a conservação das araras. As ações do governo brasileiro e a investigação em curso na Alemanha sublinham a importância de uma gestão eficaz e transparente para enfrentar os desafios da conservação e do tráfico de vida selvagem.
Fontes e Referências
Aldem Bourscheit – Biólogo e Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: MDR/Tagesschau/Divulgação.