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BRASIL ELEGE SEIS PREFEITOS E UMA ÚNICA PREFEITA INDÍGENA

BRASIL ELEGE SEIS PREFEITOS E UMA ÚNICA PREFEITA INDÍGENA

BRASIL ELEGE SEIS PREFEITOS E UMA ÚNICA PREFEITA INDÍGENA

Dados do TSE registram que sete prefeituras brasileiras serão administradas por indígenas a partir de 2025. Também 214 vereadores e vereadoras de várias etnias conseguiram se eleger para as Câmaras Municipais.

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(Foto: Mario Friedlander/Acervo MHNMT e Instituto Ecoss)

Na Região Norte, se elegeram Egmar Curubinha (PT), da etnia Tariana, em São Gabriel da Cachoeira (AM); Dr. Raposo (PP), da etnia Makuxi, em Normandia (RR); e Tuxaua Benísio (Rede), também da etnia Makuxi, em Uiramutã (RR). As cidades mineiras de São João das Missões e Manga também ele geram prefeitos indígenas, ambos da etnia xacriabá.

Na primeira, Jair Xakriabá (Republicanos) foi eleito, enquanto na segunda a vitória foi de Anastácio Guedes (PT). Na Paraíba, em Marcação, foi eleita a única prefeita indígena, a candidata Ninha (PSD), da etnia Potiguar. Já em Pesqueira, Pernambuco, venceu o Cacique Marcos (Republicanos), da etnia Xucuru. prefeitos

Os dados do sistema do Tribunal Superior Eleitoral também mostram que, das 214 pessoas indígenas eleitas para as Câmaras Municipais, 180 são homens apenas 34 são mulheres.

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Ninha, indígena eleita prefeita de Marcação — Foto: Instagram/Reprodução

Fonte: Agência Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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