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Brasília, Distrito Federal: Resultados Eleitorais, Fotografia Atual e Cenário Político

Brasília, Distrito Federal: Resultados Eleitorais, Fotografia Atual e Cenário Político

Reflexões sobre a fotografia política do Distrito Federal – Parte 1 – 

Por: Adriana Margutti

Este texto é uma análise superficial de poucos aspectos da fotografia política do DF neste momento. O Distrito Federal, nas eleições de 2018, deu expressiva votação ao presidente Jair Bolsonaro do PSL: 58,37% no primeiro turno e, no segundo turno, aproximadamente 70%. Ele venceu em todas as zonas do DF, com melhor resultado em Samambaia (74,65% ), uma região de baixa renda.

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Bolsonaro apoiou o golpe contra a classe trabalhadora no em 2016. O novo presidente é contra todas as pautas progressistas e Movimentos Populares, reverencia torturadores, é machista, misógino, racista e homofóbico, com casos anteriores de corrupção e baixa produção parlamentar.

Sua plataforma se sustenta no discurso de combate à corrupção e proteção dos valores das famílias tradicionais. Um dos principais focos do novo governo do país é a redução da máquina pública. Segundo matéria do Jornal Correio Brasiliense, de 05/08/2018, levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) diz que a participação dos rendimentos dos servidores nos salários no Brasil chegou a 31,8% em 2016 e no DF 66,4%. E, mesmo assim, a sociedade no DF preferiu um projeto político que busca a redução dos postos de trabalho no serviço público.

Além de expressiva votação para o Bolsonaro, a bancada parlamentar eleita pela população do DF tem maioria de representantes dos partidos de , como pode ser observado nesta matéria. É importante que os dados que se seguem sejam lidos com a pressuposição de que a disputa eleitoral é uma importante ferramenta para a construção de uma sociedade justa e igualitária, e que um mandato parlamentar deve expressar a organização da base popular na construção de um projeto político de sociedade.

Erika Kokay Gazeta do PovoCÂMARA FEDERAL – RESULTADOS ELEITORAIS

Flávia Arruda (PR) – 121.340. Professor Israel (PV)67.598. Érika Kokay (PT) – 89.986. Bia Kicis (PRP) – 86.41. Julio Cesar (PRB) – 79.77. Luis Miranda (DEM) – 65.107. Paula Belmonte (PPS) – 46.069. Celina Leão (PP) – 31.610.

 

CÂMARA FEDERAL – FOTOGRAFIA ATUAL E CENÁRIO POLÍTICO

O IDHM do DF é de 0,824, porém, a desigualdade social no DF é brutal. Em 2015, a porcentagem da população que não pôde concluir o ensino fundamental estava em torno 23% quando incluímos os analfabetos. Esta população se concentra nas regiões de baixa renda, com altos índices de criminalidade, ausência do poder público e de postos de trabalho.

Aproximadamente 46% da população do DF é ocupada, mas 30,9% ganha até 0,5 salário mínimo; ou seja, apenas 15% da população ganha acima de R$500,00 por mês. A densidade demográfica das cidades satélites de menor poder aquisitivo, comparada com locais como a região dos Lagos, também é um elemento que organiza a reflexão sobre a desigualdade social no DF, que pode ser exemplificada via código postal com muita facilidade.

Mesmo com toda essa desigualdade, a população pobre do DF frequentemente opta por políticos de direita que pouco se debruçam na busca da resolução dos problemas da população, como melhora da , geração de postos de trabalho e outros. Para exemplificar o comportamento conservador e reacionário da população do DF, temos as manifestações pedindo intervenção militar no Brasil, que ocorreram mais de uma vez e levaram um bom contingente de adeptos para a Esplanada dos Ministérios, notoriamente gente branca de classe média alta.

Temos, ainda, a invasão abrupta de uma atividade da CNBB onde militantes de direita aos gritos chamavam os padres de comunistas, e uma missa que foi rezada para o torturador Carlos Brilhante Ustra na igreja da Asa Norte, episódios registrados entre 2016, com a ocorrência do golpe parlamentar, até o período eleitoral de 2018.Mas sim, o PT já governou o DF por duas vezes: a primeira com o senador golpista Cristóvão Buarque, de 1995 a 1999, e a segunda com Agnelo Queiroz, de 2011 a 2015.

As forças populares de também realizaram ações expressivas no território do DF no período de combate ao golpe, como a ocupação das escolas secundaristas, a ocupação da UNB em 2016, os atos das mulheres no “08 de março” dos anos de 2017 e 2018 e, por fim, o grande ato do #EleNão durante o período eleitoral.

Durante o processo do golpe, diversos grupos populares autônomos surgiram entre uma pequena parte politizada da sociedade. O objetivo destes grupos era a defesa do mandato da Presidenta Dilma. Uma importante observação é que os partidos políticos eram bem aceitos entre estes grupos, compostos inclusive por militantes partidários, mas não foram os partidos políticos de esquerda que dirigiram esta militância nas batalhas que se deram nas ruas do DF contra a extrema direita.

Voltando a usar os dados eleitorais para fazer algumas observações. A combativa Deputada Érika Kokay obteve expressiva votação de 89.986, a segunda mais votada do DF e única representante da esquerda eleita para a Câmara Federal. A parlamentar tem uma grande atuação, que pôde ser comprovada mais recentemente na luta contra o bizarro projeto Escola Sem Partido.

O mandato da companheira Érika Kokay é imprescindível, assim como a necessidade de formação e preparação de quadros de esquerda no DF. Qual é a tarefa para a sustentação deste mandato popular e para a ampliação da representação da esquerda do DF na Câmara Federal?

As candidaturas de esquerda com melhor desempenho depois da Deputada Érika são as companheiras do PSOL Talita Victor (12.376 votos), Anjuli (7.588 votos), Maninha (6.837 votos), a segunda mais votada do PT foi a companheira Vanessa é o Bicho (6.020 votos).

Os números de votos evidenciam as dificuldades destas candidaturas em ingressar para a Câmara Federal, mas é obvio que há um forte e
aguerrido trabalho de base por trás de cada voto destas companheiras e, com certeza suas campanhas, foram financiadas de forma coletiva e transparente.

Estas companheiras, a partir dos seus espaços de atuação, com certeza estão cumprindo suas tarefas. A esquerda no DF constrói uma estratégia que possa dar conta de agregar e potencializar estes esforços?

Arlete 13113 CÂMARA DISTRITAL – RESULTADOS ELEITORAIS

Martins Machado (PRB) 29.457. Del. Fernando F. (PROS) 29.420. Chico Vigilante (PT) 20.975. Rafael Prudente (MDB) 26.373. Prof. Reginaldo V (PDT) 27.998. Arlete Sampaio (PT) 15.537. Delmasso (PRB) 23.227. Cláudio Abrantes (PDT) 14.238. Fábio Félix (PSOL) 10.955. Robério N. (PSD) 28.819. Roosevelt Vilela (PSB) 12.257. Agaciel Maia (PR) 17.715. João Cardoso (Avante) 12.654. Iolando (PSC) 13.000 votos. Reginaldo S. (Avante) 6.738. Valdelino Barcelos (PP) 9.704.  Jaqueline Silva (PTB) 13.044. Júlia Lucy (Novo) 7.655. Leandro Grass (Rede) 6.578. Jorge Vianna (PODE) 13.070 José Gomes (PSB) 16.537. Eduardo Pedrosa (PTC) 12.806. Hermeto (PHS) 11.552. Daniel Donizet (PRP) 9.128.

CÂMARA DISTRITAL – FOTOGRAFIA ATUAL E CENÁRIO POLÍTICO 

A esquerda fez três representantes: dois do PT e um do PSOL. O Deputado Chico Vigilante (20.975 votos) e a Deputada Arlete Sampaio (15.375 votos), importantes nomes do PT/DF. O Deputado Distrital do PSOl é o companheiro Fábio Félix (10.955 votos), que representa a juventude popular progressista, primeiro gay assumido eleito no DF.

As demais candidaturas de esquerda com melhor desempenho foram de dois jovens: Max Maciel do PSOL (8.515 votos) e a companheira Hellen Frida do PT (5.791 votos). O que estes jovens estão fazendo para se diferenciar no processo político? A resposta é trabalho de base, mas o que especificamente, pois esta expressão já virou um jargão no processo de construção política.

A autora deste texto acredita que construção de processos de igualdade, justiça, busca por políticas de Estado que favoreçam a população pobre se dá no dia a dia, com a constância do convívio, com a prática solidária e presença nos momentos de dificuldade de toda a natureza, de acolhimento por uma discriminação sofrida, na afirmação coletiva dos direitos de existência. O processo eleitoral é mais uma ferramenta deste universo.

É preciso a construção de uma alternativa numa perspectiva classista a esse processo de dominação conservadora que ocorre no DF e no Brasil. O que se pode fazer para desencadear a construção destas alternativas? Qual a tarefa que, enquanto sujeitos políticos, temos a cumprir? Como vamos, de fato, de forma coletiva e planejada, superar os desafios da atualidade? Qual é a real situação das forças de esquerda no DF e o que devemos fazer para ampliar a organização e o debate com a base social na construção da sociedade justa e igualitária para fortalecer as pautas feministas, LGBT, racial, de acesso à terra e à alimentação saudável, da juventude?

adriana margutti da secretaria agraria nacional do pt piauí hojeANOTE:

Adriana Margutti: Engenheira Florestal – Militante da e do Partido dos Trabalhadores.

Foto Erika Kokay: CUT

Foto Adriana Margutti: Piauí Hoje

Dados eleitorais: Tribunal Superior Eleitoral -TSE.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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