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Buriti: A palmeira das águas

Buriti: a palmeira das águas

: a palmeira das águas

Em seu  Cruls – Histórias e andanças do cientista que inspirou JK a construir (Editora Geração, 2014), o jornalista , editor da , escreve todo um capítulo – Jardim Florido – sobre a variedade, a riqueza e a beleza das e das plantas do como o magnífico Buriti.

Entre seus muitos achados interessantes,  Jaime revela um primor de texto do médico Antônio Pimentel, integrante da Missão Cruls, sobre o buriti, essa palmeira que, segundo o goiano, chama água para o solo onde vegeta. A seguir, reproduzimos o relato de Pimentel, também encontrado às páginas 42 e 43 do livro de Jaime.

“O buritizal tem a superfície circular ou oblonga, ligeiramente côncava, com uma depressão linear no centro em forma de rego; é coberto em toda sua área de um tapete de verdejante relva homogênea na altura e na cor. emprestando-lhe por este fato o aspecto risonho de um prado artificial onde o do artista é objeto de cuidados constantes e ternos.

O solo pantanoso do buritizal, extremamente compressível e movediço, apresenta-se como perigoso terreno lamacento, meio líquido, sob os enfeites da graciosa combinaçaõ de buritis de diferentes alturas e idades, ora em grupos magníficos de verdura fresca, ora indistintamente isolados, ora arruados e indicando por sua direção o curso d`água ali originado sempre em grande abundância.

O buriti, a “árvore da vida” do padre José Gumila, a Mauritia vinifera dos botânicos, é uma bela palmeira de sítios úmidos, de cerca de vinte e cinco a quarenta centímetros de espessura e nove a dez metros de altura, ccom folhas grandes em forma de leque aberto na extremidade livre, de longo e resistente pecíolo.

O tronco presta para fazer casas e aquedutos de longa duração, a folha para cobrir tão bem como telha do melhor fabrico, e as nervadas das folhas novas, não desabrochadas, dão a “seda do buriti”, que serve para tecidos diversos.

Antes de se entreabrir na palmeira masculina a cobertura delicada das flores, e só nesse período de metamorfose, o tronco provê-se de uma fécula parecida com o sagu, e que endurece formando pães delgados e redondos; da seiva fermentada faz-se o vinho de palma, com que os índios costumam se embriagar (…)

Além de todas as qualidades de árvore providencial, o buriti tem a propriedade (como se diz em ) de chamar água para o local onde vegeta, o que motivou o costume de só excepcionalmente se podar uma dessas árvores”.

Obs.: publicado originalmente em 15 de jun de 2016


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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