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Caixa afasta gerente que humilhou empresário negro. Crispim Terral foi agredido nas dependências do banco em Salvador.

Caixa afasta gerente que humilhou Crispim Terral; filha permanece abalada

Por: Redação Pragmatismo

Gerente da Caixa Econômica que humilhou empresário negro na frente da filha é afastado. Crispim Terral foi agredido por policiais acionados pelo servidor. Em nota, banco diz que repudia o racismo e que irá realizar treinamento com funcionários

homem negro crispim terral
Crispim Terral (reprodução)

Um dia depois das agressões contra Crispim Terral, a Caixa Econômica Federal anunciou o afastamento do gerente que humilhou o homem em uma agência de Salvador (BA). A informação foi divulgada no site da Caixa na manhã desta quarta-feira (27).

Crispim Terral, que é dono de uma farmácia na capital baiana, foi vítima de racismo e agredido por policiais militares acionados pelo gerente. Ele postou a denúncia nas redes sociais nesta segunda-feira (25).

Uma publicação no Facebook do Pragmatismo Político sobre o episódio obteve 26 mil compartilhamentos e alcançou 1,3 milhão de pessoas.

Nesta quarta-feira, Crispim foi até uma delegacia para denunciar o gerente do banco que aparece na imagem pedindo que os policiais o algemassem. No vídeo, o gerente diz: “Não negocio com esse tipo de gente”.

“A gente vai buscar o enquadramento ou no crime de racismo ou de injúria racial. Precisamos responsabilizar os efetivos culpados pelos constrangimentos sofridos por Crispim”, disse o advogado André Cruz.

Em nota oficial, a Caixa informou que abriu uma apuração, sob responsabilidade da corregedoria da empresa, para apurar o caso. O banco disse que repudia o racismo e que vai realizar um treinamento específico com toda rede de atendimento para reforçar a política de relacionamento com clientes.

Filha abalada

Toda a humilhação sofrida por Crispim Terral foi testemunhada e filmada por uma de suas filhas — uma jovem de 15 anos. “Ela está muito abalada, muito triste, muito angustiada. Ela não aguenta ver falar nada referente ao acontecido”, disse o homem.

Crispim acredita que a decisão da Caixa Econômica pelo afastamento do gerente só foi tomada por conta da enorme repercussão negativa do caso nas redes sociais.

“Ainda devemos lutar. Que sirva de exemplo não só para a Caixa, não só para esse indivíduo que teve essa atitude, mas para todos que estão em casa, que abram a boca e digam não ao racismo, não ao preconceito”, afirmou.

“Tenho recebido muitas mensagens, muitas ligações. Para mim é muito gratificante, ter esse apoio de todas essas pessoas que estão sensibilizadas por essa situação. Então, fico feliz por também ser um incentivo a todos os negros, todas as negras do Brasil, e digo para elas que lutem, que digam não ao racismo, digam não ao preconceito”, finalizou Crispim.

Entenda o caso

As agressões contra Crispim Terral aconteceram no último dia de 19 de fevereiro, mas só foram tornadas públicas após a divulgação das imagens nas redes sociais acompanhadas do relato da vítima.

Crispim relata que a confusão começou após um dos gerentes do banco o deixar por quase cinco horas à espera de atendimento. Já era a oitava vez que ele ia ao banco e não recebia atendimento adequado.

Eis a íntegra do relato de Crispim:

Olá meus nobres irmãos e amigos. Para quem não me conhece, meu nome é Crispim Terral, tenho 34 anos, sou casado e pai de 5 filhos. Por ser um homem possuído pelo amor, mantenho o respeito, a humildade e a verdade com uma tranquilidade que incomoda a muitos.

Com muita tristeza eu venho por meio deste relato expressar a minha indignação e revolta contra o preconceito racial.

Ao me dirigir à Caixa Econômica Federal do relógio de São Pedro na terça-feira (19/2/2019) para buscar meu direito como cidadão e cliente, fui solicitar um suposto comprovante de pagamento de dois cheques pagos pela Caixa Econômica sendo que os dois cheques estão devolvidos por motivos 11, 12 (motivo 11: sem fundo, motivo 12: sem fundo pela segunda vez)

Sendo que os mesmos estão em minhas mãos. Fui também requerer a devolução de R$ 2056,00 (dois mil e cinquenta e seis reais) retirados de minha conta há dois meses e 21 dias indevidamente.

Pela oitava vez, desta vez na companhia de minha filha menor, fui surpreendido. Mais Uma Vez pelo Sr. Mauro, gerente responsável pela minha conta naquele momento que me atendeu de forma indiferente enquanto me deixou esperando na sua mesa por quatro horas e quarenta e sete minutos e foi atender outras pessoas em outra mesa.

Indignado com a situação, me dirigi a mesa do gerente general, o Sr. João Paulo, que da mesma forma e ainda mais ríspida me atendeu com mais indiferença. Quando Pensei que não poderia piorar fui surpreendido pelo senhor João Paulo com a seguinte fala: “se o senhor não se retirar da minha mesa vou chamar uma guarnição”; e assim o fez, chamou a guarnição.

Dois policiais me pediram no primeiro momento de forma educada para que pudéssemos nos dirigir juntamente com o gerente até a delegacia para prestar esclarecimentos; até aí tudo bem. O problema foi que ao descer ao térreo da agência o gerente, senhor João Paulo, falou que só iria à Delegacia se os policiais me algemassem, e que ele “não faz acordos com esse tipo de gente”.

Eu tenho um vídeo desse momento terrível e absurdo, está disponível para vocês verem em pleno século 21 fui tratado de forma ríspida e claramente fui vítima de preconceito racial.

 

Fonte: Pragmatismo Político

CAIXA afasta gerente que humilhou Crispim Terral; filha permanece abalada

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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