Pesquisar
Close this search box.

CERIMÔNIA DO OSCAR: DENÚNCIA E ALFINETADA EM TRUMP

CERIMÔNIA DO OSCAR: DENÚNCIA E ALFINETADA EM TRUMP

Cerimônia teve protestos contra ataques de Israel aos palestinos. “Nosso filme mostra como a desumanização conduz ao seu pior”, disse diretor de Zona de Interesse

Por Portal Vermelho

A temática da guerra, da desumanização e do ódio foi uma das marcas do da 96ª edição do Oscar. A cerimônia aconteceu na noite deste domingo (10), no Teatro Dolby, em Los Angeles. Além de o grande vencedor de melhor filme, Oppenheimer, contar a história do criador da bomba atômica, e de Zona de Interesse, melhor filme estrangeiro que trata da crueldade do Holocausto, houve discurso, apoio e protesto pelo fim dos ataques de Israel ao povo palestino. E, em ano eleitoral, não faltou alfinetada em Donald Trump. 

Dirigido por Christopher Nolan, Oppenheimer foi o grande consagrado da noite — como, aliás, era esperado. A produção faturou sete estatuetas, entre as quais melhor filme, melhor diretor, melhor ator para Cillian Murphy — no papel de Robert Oppenheimer — e melhor ator coadjuvante para Robert Downey Jr. 

A produção trata do Projeto Manhattan, no qual foi desenvolvida a bomba atômica, no início dos anos 1940, tendo como fonte o livro biográfico vencedor do Prêmio Pulitzer, Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin. 

Já Zona de Interesse, filme do Reino Unido, escrito e dirigido por Jonathan Glazer, é baseado numa história real do livro homônimo de Martin Amis e aborda, sobretudo, a desumanização e a banalização do extermínio de um povo. 

A história narra a vida familiar do oficial nazista Rudolf Höss, escolhido por Adolf Hitler para comandar Auschwitz, na Polônia. Ele vive com sua família numa casa de belo jardim, com crianças e cachorros brincando, cujo muro a separa do campo de concentração, onde milhares de judeus foram mortos. O horror está, sobretudo, no contraste entre a vida pacata da família e o massacre que acontece ao lado. 

Ambos os filmes colocam em foco a tragédia humana, suas guerras e as dores geradas por projetos de ódio e poder e expõem que o horror não estava restrito ao contexto da Segunda Guerra — ele também acontece hoje, sob os olhos anestesiados de parte da comunidade internacional. 

“Todas as nossas escolhas foram feitas para refletir e confrontar-nos no presente — não para dizer ‘vejam o que eles fizeram no passado’, mas, sim, ‘vejam o que nós fazemos agora’. Nosso filme mostra como a desumanização conduz ao seu pior. Ela moldou todo o nosso passado e presente”, disse, em seu discurso, o diretor Jonathan Glazer, que é judeu. 

Ele completou denunciando que “neste momento, estamos aqui como pessoas que refutam o seu judaísmo e o Holocausto, sequestrados por uma ocupação que levou muitas pessoas inocentes ao conflito, sejam os israelenses vítimas do 7 de outubro ou as vítimas do ataque em Gaza. Como podemos resistir?”.

A situação do povo palestino também foi foco de manifestações silenciosas na cerimônia e de protestos do lado de fora. Estrelas como a cantora Billie Eilish eseu irmão Finneas O’Connelle os atores Ramy Youssef e Mark Ruffalo — ambos do elenco de Pobres Criaturas —, entre outros, usaram broche vermelho simbolizando o pedido de cessar-fogo imediato. Nas imediações do Teatro Dolby, manifestantes também denunciaram o massacre. 

Mstyslav Cherno, jornalista e ganhador do prêmio Pulitzer e diretor de 20 Dias em Mariupol, vencedor do Oscar de melhor documentário, também protestou contra a guerra na Ucrânia. “Queria nunca ter feito este filme”, disse. 

Ao final do evento, em outro momento marcado pelo protesto no Oscar, o comediante Jimmy Kimmel, dirigindo-se ao ex-presidente de extrema-direita do Estados Unidos, declarou: “Trump, já passou da hora de você ir para a cadeia”. Kimmel foi ovacionado pela plateia. A fala aconteceu em resposta a um comentário de Trump que, via redes sociais, disse que o comediante seria “o pior apresentador do Oscar de todos os tempos”.

Super-produções cotadas para levarem estatuetas, como Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese — que teve dez indicações — e A Sociedade da Neve, dirigido pelo catalão Juan Antonio Bayon — que concorria como melhor filme estrangeiro e melhor maquiagem — ficaram de fora das premiações. 

Confira abaixo a lista de ganhadores:

Melhor filme: Oppenheimer

Melhor diretor: Christopher Nolan – Oppenheimer

Melhor atriz: Emma Stone – Pobres Criaturas

Melhor ator: Cillian Murphy – Oppenheimer

Melhor atriz coadjuvante: Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados

Melhor ator coadjuvante: Robert Downey Jr. – Oppenheimer

Melhor roteiro originalAnatomia de Uma Queda— Justin Triet, Arthur Harari

Melhor roteiro adaptado: American Fiction – Cord Jefferson

Melhor edição: Oppenheimer

Melhor filme estrangeiro: Zona de Interesse

Melhor animação: O Menino e a Garça

Melhor curta-metragem de animação: War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko – Dace Mullins, Brad Booker

Melhor maquiagem e penteados: Pobres Criaturas

Melhor design de produção: Pobres Criaturas

Melhor design de figurino: Pobres Criaturas

Melhores efeitos visuais: Godzilla Minus One

Melhor documentário: 20 Dias em Mariupol

Melhor documentário de curta-metragem: The Last Repair Shop

Melhor fotografia: Oppenheimer

Melhor curta-metragem: The Wonderful Story of Henry Sugar – Wes Anderson, Steven Rales

Melhor som: Zona de Interesse

Melhor trilha sonora original: Oppenheimer

Melhor canção original: What Was I Made For? – Barbie

Com agências

Fonte: Portal Vermelho Capa: Divulgação Universal e Reprodução


Block
revista 115

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Parcerias

Ads2_parceiros_CNTE
Ads2_parceiros_Bancários
Ads2_parceiros_Sertão_Cerratense
Ads2_parceiros_Brasil_Popular
Ads2_parceiros_Entorno_Sul
Ads2_parceiros_Sinpro
Ads2_parceiros_Fenae
Ads2_parceiros_Inst.Altair
Ads2_parceiros_Fetec
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

REVISTA

REVISTA 115
REVISTA 114
REVISTA 113
REVISTA 112
REVISTA 111
REVISTA 110
REVISTA 109
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

CONTATO

logo xapuri

posts recentes