Em setembro de 2017, provavelmente no dia 13, a tragédia do Césio-137, o maior acidente radioativo do Brasil e, também, o maior acidente radioativo do mundo fora das usinas nucleares, completa 30 anos.
O Césio-137, um isótopo radioativo do elemento químico era usado em equipamentos de radiografia na forma de um sal (cloreto de césio) pelo antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), que o guardava dentro de uma cápsula revestida de uma caixa protetora de chumbo.
Depois que o hospital foi desativado, a cápsula de césio, encontrada por dois sucateiros entre os escombros do IGR, foi vendida para Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho. Ao abri-la para aproveitar o chumbo, Devair liberou cerca de 19 gramas de césio no meio ambiente.
Encantado pelo sal de brilho azulado encontrado dentro da cápsula, Devair o distribuiu para amigos e familiares, incluindo seu irmão, Ivo Alves, que o levou para casa.
Ao se alimentar sem lavar as mãos depois de ter brincado com o pó de césio, Leide das Neves Ferreira, filha de Ivo, ingeriu pequenas quantidades de césio e, tal como outras pessoas que foram contaminadas, em apenas algumas horas passou a sentir náuseas, vômitos, tonturas e diarreia.
Desconfiada, a esposa de Devair, Maria Gabriela, levou partes da bomba para a sede da Vigilância Sanitária. No dia 29 de setembro, foi dado o alerta de contaminação radioativa. Em 23 de outubro, faleceu Leide das Neves, considerada a maior fonte humana da radiação. Enterrada em um caixão de chumbo.
Uma força-tarefa foi criada para remover os objetos contaminados e tratar as vítimas – 249 pessoas foram examinadas e, destas, 22 foram isoladas em razão da alta taxa de contaminação. Quatro morreram: vítimas da radiação: Leide, Maria Gabriela, e dois jovens de18 e 22 anos que trabalhavam no ferro-velho. Devair faleceu no Rio de Janeiro depois de sete anos de tratamento.
O lixo atômico do acidente com o césio-137, que compreende cerca de sete toneladas de plantas, animais, materiais de construção e objetos provenientes do hospital abandonado, do ferro-velho e de toda a vizinhança, foram colocados em tambores envoltos por concreto e depositados em espécie de piscina de concreto impermeabilizada, em Abadia de Goiás, a 25 km do centro de Goiânia.
Nos anos subsequentes, outras pessoas também morreram em razão da exposição à radiação. Uma delas foi Ivo Alves, pai de Leide das Neves, que faleceu 16 anos depois. Outros carregam traços deixados pela radiação: Odesson Alves Ferreira, um outro irmão de Devair, perdeu parte da palma da mão e partes de um dedo.
Leide das Neves tornou-se o símbolo dessa terrível tragédia que os moradores de Goiânia nunca esqueceram.
Fonte (com edições): mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/acidente-com-cesio137-goiania.htm