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CHICO MENDES: HERÓI DO BRASIL

CHICO MENDES: HERÓI DO BRASIL

Chico Mendes: Herói do Brasil

Por Gustavo Dourado

Francisco Alves Mendes Filho:
É nosso herói popular
Pulsa a da
Com nosso povo a sonhar
Chico Mendes é a chama
Pra luta continuar
 
Veio ao mundo Chico Mendes 
Militante ambiental    
Lá em Xapuri no Acre 
Com a verve social  
No seringal Porto Rico
cultural 
 
Filho de um seringueiro
Ecológico natural
Aos nove anos de idade  
Trabalhador sem igual
Um defensor da floresta
Da mudança social
 
Bem jovem foi seringueiro
Teve o exemplo paterno
Com incentivo da mãe
Sempre foi um ser fraterno
Um exemplo para todos
Chico Mendes é eterno
 
Liderança mundial
Exemplo de inteligência
Um  homem  primordial
Pelos povos da floresta
Luta socioambiental   
 
Na década de 70
Ditadura Militar
Motosserras em ação
Para a floresta cortar
A pastagem para o gado
O terror a se implantar
 
Mulheres essenciais
Na ação do seringal
Com a  união de todos
Na peleja contra o mal
Confronto com os peões
Na peleja ambiental
 
A resistência pacífica 
Contra o desmatamento
em ação
Luta com enfrentamento
As mulheres no apoio
Destacado movimento
 
Quarenta e cinco empates
Na defesa florestal
15 vitórias vitais
Numa luta desigual
Chico Mendes liderança
Movimento ambiental
 
Setenta e cinco, sete sete
A  luta fundamental
Mataram Wilson Pinheiro
Presidente sindical
STR Brasileia
Intensa ação sindical
 
Setenta e seis adiante
A  luta descomunal
Foi a  peleja do bem
Contra a corrente do mal
A mobilização do povo
Contra a opressã
 
A luta dos seringueiros
Consciência ambiental  
A posse de suas terras
Sempre foi essencial
Brasileia e Xapuri
Movimento sindical   
   
1980:
Lidera o movimento
Sindicato em Xapuri
Deu impulsionamento
À luta e a resistência
A mover o pensamento
 
Início, anos 80
PT-CUT em fundação
Em São Bernardo do Campo
Ampla participação
Sindicato em Xapuri
O presidente em ação
 
Encontro dos Seringueiros
Os direitos trabalhistas
E os direitos sociais
Chico Mendes é farol
Das causas nacionais
 
Na defesa da floresta
Novo estilo sindical
Vitima do
Com sua morte brutal
A mando dum fazendeiro
Um triste agente do mal
 
42 grãos de chumbo
Do filho do fazendeiro
Do Darci Alves da Silva
O nome do  pistoleiro
A mando de Darly Alves
Abalou o mundo  inteiro
 
E no ano de 2000
Com a pressão social
Matadores condenados
Clamor  internacional
A justiça enfim foi feita
Chico Mendes sem igual
 
extrativista
Orgãos de associações 
Sindicais, cooperativas
Busca de transformações
Por um mundo mais igual
Contra as vis explorações
 
Os povos extrativistas
Em Conselho Nacional 
Por sustentabilidade
O equilíbrio ambiental
Espaços de territórios
Transformação social
   
Proteção, meios de
Povos tradicionais
Com direito de usufruto
Aos recursos naturais
A floresta protegida
Sem  crimes ambientais
 
No ano 2015:
Chico, herói nacional
O Brasil reconheceu
Um nome internacional
O defensor da floresta
Um mártir do seringal
 
Tantos golpes contra o povo
A floresta incendiada
Nossas águas poluídas
Com garimpos na jornada
Desmatamentos nocivos
Fogo, máquina, soja, estrada 
 
Hora de preservação
Natureza respeitar
De combater os incêndios
Cuidar do rio e mar
Chico Mendes é exemplo
Como se deve lutar.
 
Gustavo Dourado – . Cordelista. Escritor. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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