Clínica Popular: Jovens psicólogos oferecem escuta terapêutica em Laranjeiras, Rio de Janeiro

Clínica Popular: Jovens psicólogos oferecem escuta terapêutica em Laranjeiras, Rio de Janeiro

Por Paulo Assad Via oglobo

RIO – Conhecida pelas rodas de choro e , a Praça São Salvador , em Laranjeiras, agora serve também de espaço para uma espécie de clínica popular de atendimento psicológico. Batizado de Praça Terapia , o começou a funcionar há cerca de um mês e foi elaborado por um grupo de seis jovens psicólogos recém-formados. O projeto social funciona todas as quintas-feiras na praça, salvo feriados e dias de chuva, das 17h30m às 20h.

— O atendimento é feito por ordem de chegada. Qualquer um pode vir, não precisa marcar horário nem nada — conta a paraense Camille Souza, de 23 anos, idealizadora da iniciativa.
 
O projeto começou a ganhar forma no fim do ano passado. No entanto, só em abril de 2019 eles começaram a fazer seus primeiros atendimentos. A ideia, segundo Camille, foi inspirada em duas iniciativas paulistanas: a Psicanálise na Praça Roosevelt e a Clínica Pública de Psicanálise.

— Falei com eles, e recebi um superapoio. Já tinha vontade de fazer algo assim desde 2018, mas só tive condições de pôr em prática agora. Surgiu uma luz para fazer e eu convidei a galera — conta Camille.

Bruno Augusto, um dos colegas de curso que aceitaram o convite, afirma ter ficado interessado na proposta por ver uma sintonia entre ela e os de hoje:

— Tem uma coisa de estarmos vivendo um período conturbado, algo relacionado ao contexto político e com as novas tecnologias. As pessoas estão se ouvindo pouco, falta contato a corpo. Aqui, podemos oferecer acolhimento.

Atualmente, eles contam com uma média de quatro atendimentos por noite, com pacientes de perfis variados.

— É misturado como a rua é misturada. Atendemos desde pessoas de classe média, que nos viram na internet, quanto pessoas em situação de rua. Esses quase sempre chegam aqui sem saber quem somos, mas como precisam falar e serem escutados, eles se beneficiam do nosso — diz Augusto.

 

Fonte: O Globo

 
[smartslider3 slider=39]
Nenhuma tag para este post.

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA