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CO2: Metodologia permite quantificar com precisão o carbono de florestas tropicais

Metodologia permite quantificar mais precisamente o CO2 em florestas

Estudo traz equações que quantificam a biomassa além de estratégias para quantificar de florestas tropicais

CO2
Sistemas de florestas acumulam grande quantidade de CO2, formando importante reservatórios de carbono – Foto: Michel Anderson Almeida Colmanetti

O potencial efeito do CO2 nas tem despertado o interesse da comunidade científica para quantificação do gás nos . Nesse contexto, as florestas desempenham um importante papel, pois assimilam grandes quantidades de carbono pelo processo da fotossíntese, que passa a ser estocado na sua biomassa. Dessa forma, a biomassa das florestas tropicais ganha importância como reservatório de carbono. Contudo, a quantificação dos estoques de CO2 numa floresta tropical ainda é um desafio e objeto de estudos científicos.

Na Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, uma pesquisa desenvolvida pelo biólogo Michel Anderson Almeida Colmanetti, no Programa de Pós-Graduação (PPGI) em Aplicada, traz uma nova equação capaz de fornecer estimativas mais precisas contribuindo para a quantificação de carbono de uma floresta. A partir de metodologias existentes, o biólogo desenvolveu uma proposta que é adequada a florestas tropicais que possuem espécies diversas. “Esta situação está mais próxima de nossa realidade”, afirma Colmanetti.

Técnicas imprecisas

Foi a partir de duas técnicas conhecidas que o biólogo desenvolveu uma equação mais precisa na quantificação do carbono. Uma delas é a chamada Técnica Não Destrutiva. De acordo com o biólogo, nesta modalidade as florestas são tratadas como se fossem “homogêneas”. “Há estimativas grosseiras e não há precisão na tabulação dos dados”, conta o pesquisador. Nesse tipo de técnica é determinada uma área (parcela) de cerca de 100 metros quadrados (m2), por exemplo, em que o diâmetro é medido à altura do peito, a chamada DAP. “Após esta medida, o especialista afere o diâmetro do tronco da árvore e vai coletando as informações de diversas parcelas”, descreve Colmanetti. Em seguida, os dados são compilados em softwares específicos e é usada uma equação preestabelecida para se calcular a biomassa de cada árvore, obtendo-se a estimativa de carbono por hectare. “A imprecisão está em desconsiderar as diferenças entre as espécies”, diz o biólogo.

O outro método avaliado por Colmanetti foi o Método Destrutivo. Semelhante ao sistema anterior, a diferença deste método, segundo o biólogo, é que não se utiliza uma equação preestabelecida. “Usa-se uma equação a partir das espécies locais. As medidas são feitas da mesma forma e há o corte das árvores dentro das parcelas de 100 m2”, conta Colmanetti, lembrando “que se estabelece ainda a relação do diâmetro do tronco da árvore com sua biomassa.”

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Mata Atlântica na Serra do Mar, Paraná – Foto: Deyvid Setti via Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0

Ainda houve uma proposta de calibrar as equações à própria equação desenvolvida de acordo com as diferentes espécies que ocorrem em diferentes locais. “Um hectare de Mata Atlântica pode reunir mais de 400 espécies diferentes de espécies, e isso não era considerado”, lembra o biólogo. Utilizando em parte as técnicas do Método Destrutivo, Colmanetti realiza o corte das árvores. “Optamos por cortar as espécies mais abundantes “, afirma o pesquisador. Após o corte das espécies, ele estabeleceu uma nova equação que foi ajustada de acordo com as variações das espécies. O autor ainda afirma que “ao se utilizar a calibração, será necessário cortar um reduzido número de arvores”, isso facilita o uso e aplicação de sua equação por outros pesquisadores, em locais diferentes.

O de campo de Colmanetti foi realizado entre os anos de 2013 e 2014, numa região de Mata Atlântica, do trecho norte do Rodoanel de , onde já estava previsto o . Após o desenvolvimento das equações, o pesquisador calculou o carbono do Parque Estadual da Cantareira e verificou algo em torno de 1,5 milhão de toneladas de carbono, usando os métodos tradicionais. “Usando nossa equação, estimamos que chegou, no máximo, a 1 milhão de toneladas de gás carbônico”, estima, lembrando que mesmo sendo uma “estimativa”, ficou mais próximo da realidade.

Colmanetti desenvolveu seu estudo de doutorado sob orientação do Hilton Tadeu Zarate do Couto, do Departamento de Ciências Florestais (LCF). Também realizou um doutorado Sanduiche na de Maine (EUA) sob orientação do professor Aaron Weiskittel. Acredita-se que as equações propostas nesse estudo, associadas às estratégias de quantificação de biomassa são uma alternativa razoável para a quantificação de carbono da Mata Atlântica, assim como para outras florestas altamente diversas.

ANOTE AÍ

Com informações de Alicia Nascimento Aguiar, da Assessoria de Imprensa da Esalq

Fonte: Jornal da USP

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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