A faveleira (Cnidoscolus quercifolius Pohl) também possui outros nomes populares, dependendo da região onde é encontrada. Em alguns lugares dos estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Piauí, é conhecida como favela, favela-de-cachorro ou favela-de-cachorro
Por Eduardo Henrique
Essa espécie pertence à família botânica Euphorbiaceae, é endêmica do domínio fitogeográfico Caatinga, sendo comum encontrá-la em afloramentos rochosos e locais de solos rasos.
Sua altura varia de acordo com a idade da planta, tipo e profundidade de solo, profundidade do lençol freático e frequência de chuvas na região; porém, já foram observadas variações de 2 a 12 metros. Uma das principais características dessa espécie são os tricomas urticantes presentes nas suas folhas, que, ao serem tocados, causam uma breve coceira e ardor.
No Semiárido brasileiro, é difícil encontrar alguém que não conheça a faveleira e que não lembre essa planta como tendo feito parte de algum momento de sua vida. Seus frutos são muito utilizados por crianças na zona rural como brinquedo, por exemplo, colocando-se um palito de madeira no fruto seco e fazendo-o girar como um pião. Além disso, suas sementes são utilizadas como alimento por diversas aves, e também na alimentação humana, in natura ou como farinha para misturar com outros alimentos.
É importante ressaltar que quando existem dificuldades de acessar os serviços de saúde, devido na maioria das vezes à distância dos centros urbanos, uma das alternativas é o uso de plantas medicinais. A faveleira, por sua vez, é bastante utilizada na cicatrização de ferimentos, tanto em pessoas como em animais. Por exemplo, as raspas extraídas da casca dessa planta são aplicadas no tratamento de miíases, que são ferimentos com larvas de moscas, principalmente em caprinos e ovinos.
Pesquisas recentes demonstram diversos potenciais para a faveleira: utilização do óleo da semente na produção de biocombustíveis, extratos para usos medicinais, e ainda utilização da própria planta para a recuperação de áreas degradadas, pois apresenta características de espécie primária na sucessão ecológica e possui afinidade com ampla diversidade de pássaros que se alimentam das suas sementes.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana do mês. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN Linda Serra dos Topázios, do Jaime Sautchuk, em Cristalina, Goiás. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo de informação independente e democrático, mas com lado. Ali mesmo, naquela hora, resolvemos criar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Um trabalho de militância, tipo voluntário, mas de qualidade, profissional.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome, Xapuri, eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás de grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, praticamente em uma noite. Já voltei pra Brasília com uma revista montada e com a missão de dar um jeito de diagramar e imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, no modo grátis. Daqui, rumamos pra Goiânia, pra convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa para o Conselho Editorial. Altair foi o nosso primeiro conselheiro. Até a doença se agravar, Jaime fez questão de explicar o projeto e convidar, ele mesmo, cada pessoa para o Conselho.
O resto é história. Jaime e eu trilhamos juntos uma linda jornada. Depois da Revista Xapuri veio o site, vieram os e-books, a lojinha virtual (pra ajudar a pagar a conta), os podcasts e as lives, que ele amava. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo a matéria.
Na tarde do dia 14 de julho de 2021, aos 67 anos, depois de longa enfermidade, Jaime partiu para o mundo dos encantados. No dia 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com o agravamento da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
É isso. Agora aqui estou eu, com uma turma fantástica, tocando nosso projeto, na fé, mas às vezes falta grana. Você pode me ajudar a manter o projeto assinando nossa revista, que está cada dia mió, como diria o Jaime. Você também pode contribuir conosco comprando um produto em nossa lojinha solidária (lojaxapuri.info) ou fazendo uma doação via pix: contato@xapuri.info. Gratidão!
Zezé Weiss
Editora
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