COISAS QUE SÓ ACONTECEM NA CASA DO RIO VERMELHO

COISAS QUE SÓ ACONTECEM NA CASA DO RIO VERMELHO

Coisas que só acontecem na Casa do Rio Vermelho

 
Aqui moram 4 cágados. Elvis, a única fêmea, é a mais velha, a maior e lidera o bando. Depois dela chegou Tugo e na sequência vieram os gêmeos Piquet e Rubinho, também conhecidos como Tortu e Ghito.  Como todos sabem, cágados são de preferência de Xangô, usados muitas vezes como oferenda poderosa, um mimo para o .
 
 
Casa do Rio Vermelho – Facebook
É de notório saber também que a Casa tem um Exu poderoso, também conhecido como “Compadre”. Orixá protetor do local, ele é brincalhão e gosta de pregar peças. Assusta os vigias nas noites de segundas-feiras, bate portas e de vez em quando até aparece em fotos nos eventos do Memorial.
 
No seu dia, toda semana, trocamos a água da quartinha e renovamos a cachaça que ele alegremente bebe, sem nunca ter passado do ponto.
 
De vez em quando lhe fazemos um agrado e damos fumo de corda e farofa de dendê… afinal, Exu não é de ferro (na verdade o nosso é, já que foi encomendado ao ferreiro Manu que o confeccionou todinho nesse material).
 
Todo esse preâmbulo foi só para vocês entenderem o que aconteceu hoje pela manhã, aqui no Memorial.
 
Na hora da abertura do museu, Elvis foi andando rapidamente (acredite quem quiser, ela é super rápida) para a área de Exu, derrubou a quartinha de água e não contente virou a cachaça e bebeu em rápidos goles o líquido que se espalhava no chão. Tomou quase meia garrafa e depois saiu cambaleante e bêbada para se mostrar aos visitantes.
 
Ficamos todos muito preocupados pensando em uma verdadeira “-santa” ou guerra de santos, se vocês preferirem. Imaginem o problema: Xangô provoca Exu e a gente é quem paga o pato. Ligamos para consultar as bases e fomos tranquilizados: “Que nada, minha filha, era o Exu de Xangô que precisava beber. Entre os seres da as coisas são mais simples. Troquem a água de Exu e coloquem uma garrafa nova no lugar da derramada.”
 
Agora só nos resta esperar a ressaca de Elvis passar. 
 
Descubra mais histórias incríveis como essa visitando a Casa do Rio Vermelho! (Publicado em 08/08/2024). 
 
#casadoriovermelho #HistóriasDoMemorial #OrixásNaBahia
 

A CASA DO RIO VERMELHO 

A casa de Jorge e Zélia, a casa do Rio Vermelho
Na casa de Jorge e Zélia, a casa do Rio Vermelho, a está nos Caribés pendurados, no chão salpicado de cacos quaisquer cobrindo caminhos que entremeiam o quintal, que é jardim e bosque.
Está nos cestos de palha do teto da cozinha, na biblioteca escancarada, na estante das bonecas de pano que têm caras e nomes, nos pratos de iguarias da cozinha baiana e por todo canto de todos os cantos, misturados aos cantos dos pássaros que continuam a cantar.
Zélia e ? Presentes!
Nonô Noleto 
A Casa do Rio Vermelho é o local onde viveu Zélia Gattai (1916-2008) e Jorge Amado (1912-2001), no número 33 da Rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, na .
Desde 2015, a casa de Zélia e Jorge,  ou de Jorge e Zélia, como preferir, comprada em 1961 e fechada em 2003, tornou-se um memorial aberto ao público, graças a uma parceria entre os herdeiros e herdeiras do casal e a Prefeitura de Salvador.
Com seus 20 espaços temáticos, vídeos, efeitos de som e interatividade com o público, o memorial conta histórias da de Jorge e Zélia, que viveram apaixonados por mais de 50 anos.
Dentre elas, a do jardim onde foram depositadas as cinzas dos dois escritores. Indo à Bahia, passeio imperdível, vale a pena conhecer!
https://youtu.be/DrF-DzWRZOA
 
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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