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Eliseu Queres, primeiro trabalhador rural assassinado em 2019

Eliseu Queres, primeiro trabalhador rural assassinado em 2019 é registrada em Colniza, no Mato Grosso 

Por Rede Brasil Atual
São Paulo – O trabalhador rural identificado como Eliseu Queres foi assassinado na madrugada deste sábado (5), dentro da Fazenda Agropecuária Bauru, conhecida como Fazenda Magali, no município de Colniza, Mato Grosso. O conflito deixou outras nove pessoas feridas, três delas em estado grave. Foi o primeiro assassinato registrado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2019, por conflitos no campo.
A possibilidade do crime foi anunciada e denunciada pelo Fórum de e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT) e pela CPT no estado, no dia 1 de novembro de 2018. Em nota, as entidades alertavam para o eminente conflito na região, onde 200 famílias reivindicam o direito à terra e viviam sob a mira de cerca de 30 pistoleiros.
“Das quase 200 famílias que lá estão sob a mira dos pistoleiros na Fazenda Agropecuária Bauru, algumas são posseiras, outras compraram o direito de estar na terra, e já moram em seus lotes há algum tempo. Produzem e criam animais. São pessoas que apostaram no sonho de construir uma vida com o suor do trabalho. Não podemos deixar que mais um massacre aconteça, que mais uma aconteça a estas pessoas que já nasceram vulneráveis e que, por sua condição de pobreza, já nasceram em estado de exceção”, alertaram as entidades naquela data.
De acordo com testemunhas do conflito ocorrido nesta madrugada, o ataque aconteceu no momento em que algumas pessoas que ocupam a área da fazenda pegavam água na beira do rio Traíra, que é próximo ao acampamento onde estão as famílias. A CPT e o FDHT-MT estão acompanhando o caso. A expectativa é de agravamento dos conflitos na região.
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Posse

Segundo informa a CPT do Mato Grosso, a área do conflito, conhecida como Fazenda Magali, se encontra em uma grande gleba de terras da União, pelas quais as famílias já solicitaram a arrecadação para ser destinada à . A região é alvo de disputa entre os antigos grileiros e o ex-deputado estadual José Riva (PP), em sociedade com o ex-governador Sinval Barbosa (PMDB, 2010–2014), que supostamente adquiriram parte dessa área com dinheiro de desvios do erário público.
“Há alguns meses vários trabalhadores foram ameaçados, pelo próprio ex-deputado, pelos capangas fortemente armados que ele colocou na fazenda, que diuturnamente ameaçavam as famílias no acampamento, efetuando disparos de armas de grosso calibre, inclusive fuzis, e fogos de artifícios, na intenção de incendiar os barracos”, diz nota pública da CPT, publicada neste sábado.
A entidade relata que a ameaça de conflito na Magali foram denunciados amplamente para o governo do Mato Grosso, com conhecimento para o Ministério Público Federal, a Ordem dos Advogados do e Assembleia Legislativa do estado, solicitando medidas para conter a violência.
“O fato de as famílias terem cumprido a decisão judicial da Vara Agrária, em Ação possessória, e terem mudado o acampamento de local não foi suficiente para garantir sua segurança. Hoje pela manhã quando um grupo pequeno de trabalhadores se dirigia à estrada de acesso para irem ao Rio Traíra para buscar água, foram surpreendidos pelos seguranças armados, sendo alvejados vil e covardemente. Os trabalhadores denunciam que a Polícia Militar não queria sequer deixar o SAMU ir buscar as vítimas no local da tragédia e, inicialmente se negou a ir ao local também”, relata ainda a Comissão Pastoral da Terra.
Choque
O relatório Conflitos no Campo, publicado pela CPT, indica que a violência no campo aumentou drasticamente no Brasil, após o golpe parlamentar de 2016 –a cada cinco dias uma pessoa é assassinada por conflitos agrários. Em 2017, o número de assassinatos registrados foi o maior desde 2003, com 71 trabalhadores e trabalhadoras rurais mortos.

Colniza

A Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) divulgou um estudo, em 2004, que apontava Colniza como a cidade mais violenta do Brasil. A cidade, que fica distante 1,2 mil quilômetros de Cuiabá, chegou a registrar 165,3 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes – o mais alto índice de homicídios do Brasil. O principal motivo das mortes são os conflitos gerados por questões agrárias, exploração de madeira e minérios.
No dia 19 de abril de 2017, nove trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados no Projeto de Assentamento do Norte, em Colniza. Muitos foram surpreendidos enquanto trabalhavam na terra ou dentro de seus barracos. Foram mortos a tiros e por golpes de facão. De acordo com a perícia houve tortura. Vários corpos estavam amarrados e dois foram degolados.
Os assassinatos marcaram o início de uma série de massacres no campo em 2017. Dos 71 assassinatos registrados pela CPT, em 2017, 28 ocorreram em massacres.
Devido ao grande número de assassinatos, a pastoral tornou público os registros de massacres no campo dos últimos 32 anos.

Fonte: redebrasilatual
Foto: Divulgação

 

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Leia a – Edição Nº 81


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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