Danos do Fogo: Capivaras mortas no quintal
Daqui do Cerrado goiano, acompanhamos com preocupação o avanço das queimadas e os danos do fogo e da fumaça sobre a população acreana e sobre a Biodiversidade do Acre e de toda a região.
O diálogo a seguir foi postado pelo jornalista acreano Altino Machado em sua página no Facebook:
DANOS DO FOGO
— Meu nobre, olha só quem amanheceu no portão da minha casa, no bairro Vila Betel, fugindo do fogo, das queimadas no Acre – escreveu Cássio.
Fogo zero, já!
COMENTÁRIO DO ALTINO
A imagem de árvores sendo queimadas não comove tanto quanto a imagem de animais sendo mortos pelo fogo. É como se os animais e as árvores não fizessem parte do mesmo reino dos seres vivos, da mesma criação, da mesma Gaia, do mesmo universo. Que sociedade maluca. Que tempos críticos.
Foto: Juarez Rodrigues
Não há dúvida: Boa parte da Amazônia está em chamas. O mapa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra uma floresta acossada pelo fogo. No Brasil, o fogo se espalha principalmente pelos estados do Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Acre.
No Acre, os municípios de Capixaba, Bujari, Porto Acre, Sena Madureira, Feijó, Tarauacá e a capital, Rio Branco, estão tomados pela fumaça. Mas não é só em território brasileiro que o fogo destrói a biodiversidade e ameaça vidas.
Os mapas do Inpe, produzidos quase que em tempo real, também mostram grandes manchas de fogo na Bolívia, principalmente nos departamentos de Beni, Santa Cruz e Pando.
O Acre é uma das regiões que mais sofrem neste momento, porque além de sua própria fumaça, está recebendo também parte da fumaça boliviana e parte da fumaça de Rondônia e Mato Grosso. O estudo sobre a origem da fumaça que cobre o Acre é do jornalista acreano Altino Machado.
Em seu blog, Altino vem informando o Brasil e o mundo regularmente sobre a gravidade das queimadas deste ano, particularmente no Acre: “A capital do Acre está invisível na linha do horizonte por causa dos focos de queimadas de pastagens, capoeiras e florestas na região, incluindo Peru e Bolívia.”, diz o jornalista em um de seus posts mais recentes.
Segundo o Inpe, mais de 53 mil focos de queimadas foram registrados só até a primeira semana de agosto. O Inpe alerta também que o tempo seco e quente, e a insuficiência de fiscalização pode agravar o quadro já crítico da região.
As autoridades argumentam que por se tratar de uma região de baixa densidade habitacional e de grandes áreas verdes, o Estado não tem como fiscalizar todo o espaço da Amazônia.
Com relação aos focos de incêndio, já se registrou um aumento de 65% com relação ao 2015, diz o Inpe. No Acre, no início de agosto foram registrados 844 focos , número três vezes maior que em 2015. No Amazonas, foram registradas 3.022 queimadas, 284% a mais que em 2015.
Pior: A temporada de queimadas está longe do fim, que segundo o Inpe ocorre em setembro. O que pode ser feito? A recomendação é que as pessoas evitem colocar fogo na vegetação, já que a ação humana (que usa as queimadas para “limpar” as áreas de plantio) é uma das grandes causas das queimadas.
Obs.: publicado originalmente em 26 de ago de 2016