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Dia Internacional dos Povos Indígenas é marcado pelo aumento de mortes por covid-19

Dia Internacional dos é marcado pelo aumento de mortes por

Apib realiza evento virtual neste domingo (9) para lembrar data e reforçar coro por políticas voltadas às comunidades

Por Cristiane Sampaio

A luta das comunidades tradicionais contra o avanço da covid-19 ganhará importante reforço neste domingo (9), com um evento virtual que lembrará o Dia Internacional dos Povos Indígenas, historicamente comemorado na data. Organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do (Apib), uma live contará com a presença de centenas de parceiros e personalidades, entre indígenas e não indígenas.

O evento ocorre em meio à escalada do número de casos de coronavírus nas comunidades, que somam atualmente 23.339 pessoas contaminadas, com 651 mortes e 148 povos afetados pela doença. Os dados são da Apib, que contabiliza as ocorrências com dados dos próprios indígenas por meio de um monitoramento nacional.

“O que nós temos é um sabor de sangue, de desespero, de morte. O que o Estado brasileiro está fazendo conosco é desumano, é algo que só foi visto em momentos extremos na história do Brasil, como a , e hoje nós temos o dissabor de estar passando por tudo isso. Não bastasse a inoperância do Estado, ainda veio o coronavírus pra agravar tudo isso”, disse ao Brasil de Fato Dinamam Tuxá, da coordenação-executiva da entidade.

Ele sublinha que a live deste domingo pretende ampliar a ressonância da luta popular pelos direitos indígenas. A Apib, assim como outras organizações que envolvem o segmento, tem se somado a especialistas, artistas e diferentes apoiadores para cobrar mais efetivas direcionadas às comunidades em meio à pandemia.

O tema será o foco do evento deste ano, batizado de “Maracá – Emergência Indígena”, em referência a um dos instrumentos artesanais tipicamente utilizados pelos povos tradicionais para a produção de sons. A ideia é potencializar o coro por direitos, que contará com nomes como Bethânia, Criolo, Ai Weiwei, Caetano Veloso, Camila Pitanga, Philip Glass e Chico Buarque.

“É uma forma que nós encontramos de buscar apoio de artistas e uma comoção nacional, dando visibilidade a tudo que vem ocorrendo com os povos indígenas diante da omissão do Estado brasileiro em não ter um plano estrutural pra combater o coronavírus dentro das ”, destaca Tuxá, que é um dos participantes da live, que contará ainda com a presença de Sonia Guajajara, Cacique Raoni, Nara Baré, Joenia Wapichana, Kretã Kaingang, e diversos outros nomes indígenas de destaque.

A transmissão do evento terá início às 17 horas, na página da Apib no Youtube.

Edição: José Eduardo Bernardes

Fonte: Brasil de Fato

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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