Governo fecha as portas em diálogo sobre clima
Rodada do Diálogo Talanoa, processo coordenado pela UNFCCC, ocorreu em evento restrito e sem transparência no Brasil

O Diálogo Talanoa foi concebido como um processo aberto, participativo e transparente. Seu evento brasileiro, porém, é fechado a poucos convidados, dos quais os nomes não foram divulgados. Os critérios de seleção para os convites também são desconhecidos.
A razão para esta falta de transparência não ficou clara, uma vez que o próprio MMA havia anunciado a sessão do Diálogo Talanoa em nota publicada no seu site em 5 de julho, dizendo que “a sociedade brasileira participará de uma rodada de discussões sobre as ações nacionais para conter a mudança do clima”.
Várias organizações e grupos da sociedade civil expressaram ao governo a recomendação de fazer um evento aberto, mas não foram atendidos. O Observatório do Clima questionou formalmente o Ministério do Meio Ambiente sobre o tema, mas até agora não recebeu explicações que justifiquem a realização do evento pelo MRE e MMA desta forma.
“Em nosso entendimento, tal situação é conflitante com a orientação da Convenção do Clima e suas decisões a respeito do Diálogo Talanoa, fere sua natureza e é contraditória com a própria mensagem do Ministério do Meio Ambiente”, afirmou Carlos Rittl, em comunicado enviado ao MMA contestando a decisão.
Talanoa
A palavra Talanoa é originária de tradições de ilhas do Pacífico Sul – dentre as quais Fiji, país que ocupou a presidência da COP23), Tonga, entre outros. O significado do termo remete a um processo de diálogo que deve ser aberto, inclusivo e participativo.
As orientações da UNFCCC para realização de eventos do Diálogo Talanoa indicam que “partes e não-partes (da UNFCCC) são convidadas a cooperar na convocação de eventos locais, nacionais, regionais ou globais em apoio ao diálogo” e têm o direito de contribuir no processo.
“A decisão do governo brasileiro de realizar sua trilha do Diálogo Talanoa em um único evento a portas fechadas traz consigo o risco inerente de ser percebida por muitos como contrária ao espírito do processo dos Diálogos Talanoa e às orientações da UNFCCC”, afirma Rittl.
ANOTE AÍ
Fonte: Observatório do Clima