Talanoa

Diálogo Talanoa: evento restrito e sem transparência no Brasil

Governo fecha as portas em diálogo sobre

Rodada do Diálogo Talanoa, processo coordenado pela UNFCCC, ocorreu em evento restrito e sem transparência no

 

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Rodada do Diálogo Talanoa realizada em Bonn (Alemanha), em abril de 2018, num evento aberto (Foto: UNFCCC)
Ocorreu nesta quinta-feira (2), a portas fechadas, a rodada brasileira do Diálogo Talanoa, um processo coordenado pela UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) que visa estimular o nível de ambição climática de cada país e global a partir do diálogo entre governos e .A ideia dessa iniciativa diplomática é que governos encontrem um caminho de se comprometer com mais cortes de emissões de gases do efeito estufa antes de 2020, quando entram em vigor as metas obrigatórias de todos os países no âmbito do Acordo de Paris para combate à .

O Diálogo Talanoa foi concebido como um processo aberto, participativo e transparente. Seu evento brasileiro, porém, é fechado a poucos convidados, dos quais os nomes não foram divulgados. Os critérios de seleção para os convites também são desconhecidos.

A razão para esta falta de transparência não ficou clara, uma vez que o próprio MMA havia anunciado a sessão do Diálogo Talanoa em nota publicada no seu site em 5 de julho, dizendo que “a sociedade brasileira participará de uma rodada de discussões sobre as ações nacionais para conter a mudança do clima”.

Várias organizações e grupos da sociedade civil expressaram ao governo a recomendação de fazer um evento aberto, mas não foram atendidos. O questionou formalmente o Ministério do sobre o tema, mas até agora não recebeu explicações que justifiquem a realização do evento pelo MRE e MMA desta forma.

“Em nosso entendimento, tal situação é conflitante com a orientação da Convenção do Clima e suas decisões a respeito do Diálogo Talanoa, fere sua e é contraditória com a própria mensagem do Ministério do Meio Ambiente”, afirmou Carlos Rittl, em comunicado enviado ao MMA contestando a decisão.

Talanoa

A palavra Talanoa é originária de tradições de ilhas do Pacífico Sul – dentre as quais Fiji, país que ocupou a presidência da COP23), Tonga, entre outros. O significado do termo remete a um processo de diálogo que deve ser aberto, inclusivo e participativo.

As orientações da UNFCCC para realização de eventos do Diálogo Talanoa indicam que “partes e não-partes (da UNFCCC) são convidadas a cooperar na convocação de eventos locais, nacionais, regionais ou globais em apoio ao diálogo” e têm o direito de contribuir no processo.

“A decisão do governo brasileiro de realizar sua trilha do Diálogo Talanoa em um único evento a portas fechadas traz consigo o risco inerente de ser percebida por muitos como contrária ao espírito do processo dos Diálogos Talanoa e às orientações da UNFCCC”, afirma Rittl.

ANOTE AÍ

Fonte: Observatório do Clima

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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