Esperança para a Araucária

ESPERANÇA PARA A ARAUCÁRIA, EM RISCO DE EXTINÇÃO

para a Araucária, em risco de

A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), divulgada na primeira semana do mês de junho de 2015, registra 20.934 espécies de e em risco iminente de extinção, a imensa maioria delas por maus tratos humanos à natureza e ao meio ambiente.

Dentre as espécies mais vulneráveis encontram-se as coníferas, que são árvores em forma de cones ou pinhas, como os pinheiros, considerados como os maiores e mais antigos seres vivos do planeta. Segundo a IUCN, 34% das espécies de coníferas encontram-se ameaçadas de extinção.

No , a Araucaria angustifolia, ou pinheiro-do-paraná, árvore símbolo do , celebrada nacionalmente no dia 24 de junho, Dia Nacional da Araucária, por decreto presidencial de 19 de maio de 2005, é uma das 27 árvores mais ameaçadas da lista (www.iucnredlist.org), embora a legislação ambiental brasileira proíba o corte da espécie.

Desde 2006 classificada como criticamente a caminho da extinção, a araucária vem desaparecendo principalmente devido à conversão das suas áreas de matas nativas para a , ao crescimento das cidades e ao uso da madeira para a produção de papel e celulose. Pesquisas diversas indicam que a espécie já perdeu cerca de 97% de sua área original, o que já compromete a sua variabilidade genética.

Esperança para a AraucáriaEncontrada também em outros estados da região Sul, a araucária produz o pinhão, semente sem glúten, rica em proteínas, calorias e amido. No rigoroso inverno do Sul, o pinhão costuma ser a única fonte de alimento para várias espécies de roedores e pássaros, e de de muitas famílias. Embora as sementes amadureçam entres os meses de março e julho, para preservar a espécie o Instituto Ambiental do Paraná proíbe a coleta e comercialização do pinhão antes do dia 1º de abril de cada ano.

A esperança para a salvação da araucária vem do sucesso de pesquisa realizada durante 11 anos pelo pesquisador Ivar Wendling, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – www.embrapa.br, com base no enxerto de brotos extraídos de árvores adultas. Isso permite obter um plantio maior com uma reprodução mais rápida, garantindo, assim, um melhor retorno econômico com a produção do pinhão, semente da pinha, que é o fruto da araucária.  Antes, as plantas eram reproduzidas somente por meio da germinação das sementes.

O mostra ainda que as mudas enxertadas crescem menos, alcançando de dois a cinco metros de altura, ao contrário das mudas germinadas de sementes, que chegam a atingir 40 metros. Segundo o pesquisador, o experimento, implantado na sede da Embrapa em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, mostra a viabilidade da formação de pomares de araucárias para a produção em escala do pinhão.

Na natureza, uma araucária demora de 12 a 15 anos para começar a produzir. No plantio por enxerto, produz entre seis e nove anos, o que faz da nova técnica não somente uma aliada da conservação, mas também um meio de fortalecimento da economia local, uma vez que “ao aumentar o plantio, a espécie ganha mais chances de sobreviver à extinção”, dizem em uníssono pesquisador, estudiosos e extrativistas.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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