FAMÍLIA
Fez minha mãe, Thais, muito feliz!
Deixou um pouco de si no coração de cada pessoa que o amava.
Camila Pires Baiocchi Calaça, casada com Duílio, mãe do Lucca e da Luiza
Me ensinou a gostar de música clássica, carne de carneiro e joelho de porco. Meu companheiro de programações gastronômicas e apostas mirabolantes pelas lotéricas da vida. Meu segundo pai que a vida me deu!
Júlia Pires Baiocchi, casada com Diego, mãe do Ian
Que luta difícil a do Athos, porém não se pode dizer inglória. Afinal, os valores da vida dele realçam diante de sua perda.
Salvino Pires Sobrinho
“Como é mesmo que diz o seu amigo Zeca Pagodinho?” me perguntava o Athos, quase todos os dias, antes de ‘iniciar os trabalhos’. Eu respondia cantarolando “Amigo eu nunca fiz bebendo leite, amigo eu não criei bebendo chá…”, essa canção que o Athos adorava. Assim, ao som do samba, entre uma dose do seu whisky e um gole da minha cerveja, nos tornamos grandes amigos. Passamos alguns bons anos juntos na Chácara Cajuína, em Formosa, onde morei com minha mãe Thais e com o Athos, o pai que a vida me deu nos últimos anos de sua jornada. Família
Augusto Pires Baiocchi
O Athos era meio calado, na dele, mas tinha seu jeito todo especial de ser carinhoso. Um dia, eu liguei para falar com minha irmã – era no tempo em que havia telefone fixo nas casas – e o Athos atendeu. Eu perguntei pela Thais e ele respondeu: – Sim, ela está aqui, linda como sempre! Uma vez, fui visitá-los na chácara em Formosa. No dia de ir embora, ele me deu de presente um livro de sua própria biblioteca, L’Étranger, de Albert Camus. Ele me explicou que escolhera aquele livro porque ele tinha sido publicado no mesmo ano em que eu nasci, 1957. Ele sabia ser especialmente gentil. A impressão que eu tenho é que o Athos estava sempre ligado em tudo à sua volta, mesmo quando estava concentrado em suas leituras. Ele sabia conhecer as pessoas. Família
Dayse Pires
Conheci o Athos na Câmara. Eu atrás de notícia e ele fazendo notícia e história. Eu atrás do imediato para encher as páginas do jornal, ele profundo, formulando e provocando mudanças no país. Um dia, a relação mudou. Athos era o companheiro da minha irmã, Thais, e o meu cunhado querido. A convivência revelou uma pessoa sensível, amável, doce, gentil, e com um humor inteligente, refinado e sagaz, sempre provocando risadas. Todo esse legado ele deixou conosco. Obrigada, cunhado. Família
Denise Madueño
Fez uma estrela surgir …Torcia por uma estrela… E virou uma grande estrela…
Me recebeu de coração aberto em sua casa e, pleno de atenção e de sorrisos, se tornou o meu querido sogro. Muito obrigado, meu sogro, pelo carinho com seu neto Ian e pelos dias conversando sobre futebol.
Diego Rocha Belchior
Eu tinha 24 e ele 58. Eu não tinha qualquer experiência coletiva. Ele já tinha, em defesa da democracia e do bem coletivo, militado, sido preso, exilado. E seguia militando. Tínhamos tão pouco em comum. Mas ele me acolheu. Não julgou. Descobriu uma ávida leitora e me orientou. Me ligava para perguntar se eu já tinha lido o novo livro do Vargas Llosa e também para dizer que o que ele narrava nos seus últimos livros era “mentira daquele fascista” porque, segundo Athos, o Peru jamais foi tão moderno nos comportamentos quanto o autor fazia parecer. Era para ele que eu ligava quando queria aprender pelos livros. Me indicou Discursos contra Hitler: Ouvintes Alemães, de Thomas Mann, quando pedi para que me ensinasse a escrever discursos. Ele era assim, generoso como os grandes homens são. Acumulou na vida amor e conhecimento e distribuía a quem se aproximasse. Que eu seja digna do que aprendi.
Juliana Oliveira
Minhas primeiras memórias do tio Athos são vagas lembranças de um menino de pouco mais de cinco anos: ele era um jovem um tanto brincalhão e seguro de si. Muitos anos depois, o exílio dele e de sua irmã Dagmar, primeiro no Chile, depois no México e, por fim, na Bélgica, o afastou de nós. Só nos reencontramos quando voltou ao Brasil. Ali, vi que toda a privação pela qual passou não fez dele um sujeito amargurado. Ao contrário, sempre manteve o bom humor que o acompanhou até o fim. Ao mesmo tempo, pude perceber que a enorme bagagem cultural e a inteligência provocativa escondiam um caráter profundamente humanista, que usou para lutar pelas grandes causas. Era reconhecido como uma mente brilhante, mas nem por isso deixava de tratar a todos como iguais, fosse o presidente da República ou qualquer pessoa que estivesse disposta a ouvir suas tiradas saborosas, às vezes difíceis de compreender. Meu tio Athos nos lega uma existência forjada na atuação política diária, aberta a todas as correntes de pensamento, sempre com os ouvidos generosamente abertos, sempre disposto a pôr em prática a tolerância digna dos democratas. Este era o seu espírito.
Marcelo Pereira
Sou grata a Deus por ter me colocado na família do tio Athos. Quando meu pai Gerson faleceu eu tinha quatro anos e tudo poderia levar a um distanciamento do meu tio, que morou conosco, mas isso não aconteceu. Mesmo a gente vivendo no interior de São Paulo, tio Athos sempre fez questão de estar presente. Agradeço por termos construído lembranças tão felizes. Hoje, minha mãe Odette também não está entre nós, mas me faltam palavras para expressar o carinho que ela tinha pelo cunhado que, com ela, construiu uma história baseada em ajuda, cumplicidade, respeito e bondade. Obrigada por tudo que fez pela nossa família.
Simone Pereira da Silva Ferri
Conheci Athos e Thais em 2013. Desde então, estive ao lado deles em reuniões familiares, junto com meu filho Diego e minha nora Júlia. Athos sempre conversando, rindo e tomando o seu whisky. Agradeço imensamente esse nosso tempo de convivência, que será lembrado por sua sensibilidade para lidar com a adversidade e os conflitos humanos.
Valéria Rocha