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FELISMINA AIRES CIRINEU: PRIMEIRA PREFEITA ELEITA NO ESTADO DE GOIÁS

FELISMINA AIRES CIRINEU: PRIMEIRA PREFEITA ELEITA NO ESTADO DE GOIÁS

FELISMINA AIRES CIRINEU: PRIMEIRA PREFEITA ELEITA NO ESTADO DE GOIÁS

Homenagem a todas as mulheres goianas

 candidatas nessas eleições municipais de 2024

Por Bia de Lima

Queridas Companheiras,

Daqui a pouco, no dia 6 de outubro, centenas de mulheres-candidatas irão às urnas em todos os municípios do Brasil e do nosso estado, buscando um mandato para trabalhar, como vereadoras e prefeitas, por um Brasil e por um Goiás melhor.FELISMINA AIRES CIRINEU: PRIMEIRA PREFEITA ELEITA NO ESTADO DE GOIÁS

Em homenagem à coragem e à luta de cada uma de vocês, celebro a memória de Felismina Aires Cirineu, em vida conhecida como dona Filú, a primeira mulher a ser eleita prefeita em Goiás.

Em 13 de outubro de 1960, houve a primeira eleição para prefeito (e prefeita) por voto direto. Dona Filú concorreu e foi eleita para administrar o município de Divinópolis.

Conforme registo da Perca Municipalista, da Federação Goiana de Municípios, o mandato de Felismina Aires Cirineu teve início em 1961 e foi finalizado em 1966. 

No início do mandato, ela não teria tido as condições adequadas para iniciar sua administração; porém, em pouco tempo conseguiu arrecadar fundos para administrar o município. Adquiriu três alqueires de terra para a construção de escolas rurais e aumentou o número de professoras de duas para seis.

Empreendedora, construiu duas pontes, uma sobre o córrego Boa Perna e outra sobre o rio Riacho Seco; construiu o cemitério local; o trecho de rodagem de Divinópolis a Monte Alegre; o primeiro campo de futebol do município; o prédio da cadeia pública; e foi responsável pela instalação da rede de iluminação elétrica da cidade e pela ampliação do prédio onde funcionava o grupo escolar.

Conta a história que, além de prefeita, foi uma excelente comerciante, tanto em seu comércio de tecidos, como na pensão que mantinha em Divinópolis. Conta-se também que ela recolhia couro de gado em Barreiras (BA) e trazia para vender em Goiás, especialmente na região dos municípios goianos de Arraias e Campos Belos.

Dona Filú faleceu em 12 de maio de 2022, aos 93 anos. Ao celebrar seu feito histórico, desejo a cada uma de vocês uma excelente campanha, uma linda vitória e uma longa vida, plena de belos sonhos.


27032015131944 e1728015504824 Bia de Lima –  – Deputada Estadual – PT Goiás Presidenta do SINTEGO


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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