Festivais alertam para defesa dos biomas brasileiros

Festivais Dia da Amazônia alertam para defesa dos

Data é celebrada em cinco cidades

Por Alana Gandra/Agência Brasil

Cinco cidades brasileiras, iniciando por Santarém (PA), abrigarão festivais culturais e artísticos a partir deste sábado (2), em celebração ao Dia da Amazônia, que acontece em 5 deste mês. Esta será a segunda edição do Festivais Dia da Amazônia. Mais de 13 organizações e um número superior a 50 artistas estão envolvidos diretamente na mobilização nacional do evento, ao longo do mês de setembro. A tradição foi iniciada no ano passado para comemorar a data, instituída por lei em 2007, abrangendo festivais e atividades diversas que se estenderão por todo o país, até o próximo dia 30. Entre essas ações estão oficinas, peças de teatro, atividades esportivas e educativas, plantio de árvores, exposições e exibição de filmes. Todas têm foco na temática da proteção e valorização da Amazônia.

O show de abertura será o Festival Amazônia de Pé, na Aldeia Alter do Chão – Território Borari, no município de Santarém (PA), a partir das 16h. Estarão se apresentando, entre outros artistas, Dona Onete, a Rainha do Carimbó Chamegado; o Ritual do Sairé, Espanta Cão, Lane Lima (Guardiã Tribal – Tribo Munduruku), Suraras do Tapajós, Marciele Albuquerque (Cunhã Poranga – Boi Caprichoso), Priscila Castro, Cleide do Arapemã, Boto Cor de Rosa e Boto Tucuxi, Zek Picoteiro. Outras quatro cidades sediarão festivais.

Alerta

A coordenadora do coletivo Reocupa, associação voltada para a defesa dos e uma das organizadoras do Festivais Dia da Amazônia, Deuza Brabo, informou à Agência que o evento alerta, nesta edição, que é preciso olhar não só para a Amazônia, como para os demais do Brasil, entre os quais o Cerrado e a Mata Atlântica. “Esse é o mote que a gente está colocando também em pauta. A gente precisa manter a floresta de pé e, também, transformar o mês de setembro no Setembro Amazônico. Tirar a simbologia de apenas um dia, para ampliar, para que esse diálogo e essa discussão sejam também aumentados”.

Segundo Deuza, os festivais ocorrerão em dias alternados, sem coincidência de datas, “exatamente para levar essa onda do Setembro Amazônico”. Deuza Brabo destacou a amazônica que está presente em todo o evento. “A gente está falando da Amazônia Legal, mas nós temos a diversidade dos povos originários. A gente tem essa diversidade dentro da Amazônia, que é extremamente relevante, para que a gente abra esse diálogo e entenda que os povos originários têm as suas particularidades. A luta é uma só: manter a floresta de pé, mas dentro dessa diversidade de povos”.

A importância que a brasileira vê cada vez mais na floresta impulsionou os diversos movimentos e organizações socioambientais a celebrarem pela segunda vez o Dia da Amazônia, como um alerta para o Brasil e o mundo sobre a importância do bioma para o combate às mudanças climáticas e a preservação da Floresta Amazônica como elemento central para o público brasileiro.

Programação

Com o intuito de atrair públicos diversos ao longo das programações de cada cidade, o evento pretende passar a mensagem de que a Amazônia está em todo lugar, muito além de suas fronteiras.

No domingo (3), a festa chega à capital paulista, que receberá, no Tendal da Lapa, o Festival Baile da , a partir das 14h. Entre os nomes que se apresentarão estão o Nomade Orquestra com Russo Passapusso e Dj Ália. Em , no dia 9, será a vez do Festival Grito na Rua, com abertura prevista às 15h, seguida de Macapá, que recebe o Festival Nossa Amazônia, em 17 de setembro, às 16h. Encerrando as comemorações, acontece em 30 de setembro, em São Luís (MA), o Festival Re(x)istencia Fest lll, a partir das 13h, no Parque do Rangedor.

Além dos festivais nas cinco cidades, acontecerá também a Virada Cultural Amazônia de Pé, conduzida pelo Movimento Amazônia de Pé. A programação da Virada reúne dezenas de ações descentralizadas por todo o país. As iniciativas demonstram que, em todas as regiões, os brasileiros estão atentos ao tema e querem participar dessa comemoração em , destacou Deuza. O programa da Virada pode ser conferido aqui.

Fonte: Agência Brasil Capa: TV Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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