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Anthero

Formosa: Emílio Póvoa, antiga Rua do Dr. Anthero

Um dos livros mais fantásticos sobre a história de Formosa é a obra póstuma do escritor formosense Alfredo A. Saad, falecido em 2011. Em seu Álbum de Formosa, publicado pela família em 2013, encontramos essa descrição magistral da Rua Emílio Póvoa, que ele carinhosamente chamou de “a Rua do Dr. Antero.”

Emílio Póvoa foi um juiz de direito em Formosa, no final do século dezenove e início do século vinte, de 1893 a 1906, [de onde] saiu para ocupar o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado.

Em 1929, com a morte do desembargador, a rua 7 de Setembro, batizada, em 1894, para homenagear a data da proclamação da Independência, perdeu o nome, porque os Conselheiros Municipais consideraram mais útil lembrar o antigo juiz que vivera próximo do que uma data distante e que parecia nada ter a ver com a cidade.

Antes, nos tempos da Vila Formosa da Imperatriz, aquela era a rua do Dr. Anthero, naquele caminho para o alto do Abreu, muito antes de chegar a Mestre D`Armas. Por ali ia-se a lugar nenhum fora de Formosa, à época; e ela era apenas a Travessa que levava ao Abreu, a pouco mais de 500 metros e, mais além, às fazendas às margens do Bandeirinha e àquelas do Pipiripau.

Em 1877, ela ganhou o nome de rua Nova, pois deixara de ser um simples trilheiro, com poucas casas esparsas, para tomar o aspecto de uma verdadeira rua. 

Em 1929, ela já era a rua de entrada da cidade, para quem vinha de Planaltina, e, com o advento dos automóveis e caminhões, uma das mais importantes de todas as ruas. E recebeu, então, o nome de rua Desembargador Emílio Póvoa. 

Aquela via, que era apenas uma travessa que permitia a ligação entre a rua Visconde e a região do Abreu, esta então bastante procurada e já habitada desde os primórdios do Arraial dos Couros, passava aproximadamente nas terras d de Modesto Moreira, o proprietária de toda a área que se estendia da atual rua Visconde até o alto, onde, hoje, se encontra o aeroporto.

Poucas famílias residiam, então, naquela longa e desolada passagem, e o povoamento da área foi lento, exatamente por situar-se o caminho na divisa das duas propriedades. Até os anos vinte do século passado, a rua do Dr. Anthero exibia longos trechos nos quais viam-se apenas muros e cercas de arame, e raras eram as casas lá encontradas.” 

Nos início dos anos 70, quando cheguei a Formosa, era na Emílio Póvoa que se localizavam o único cinema de Formosa e o tradicional Bazar Gardênia. Com o tempo, o cinema fechou (hoje fica na Formosinha) e o Gardênia mudou (para perto do Cemitério).

O casarão onde morei na esquina da Emílio Póvoa com a Visconde de Porto Seguro não mais existe. No lugar, construíram prédio moderno. Em vez das janelas que davam para as duas ruas, hoje o que se vê é uma loja de eletrodomésticos.

Casas e comércios foram construídos, uns ao lado dos outros, e a antiga rua do Dr. Anthero continua sendo uma das principais vias de saída para Planaltina de  Goiás, São João da Aliança e para a Chapada dos Veadeiros. Já não existem casarões, nem cercas de arame na Emílio Póvoa, mas rua continua com seu encanto.

ANOTE AÍ:

Esta matéria foi produzida por Zezé Weiss, editora da revista Xapuri: xapuri.info/revista

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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