FRANCISCO. CHICO. CHICO MENDES: “O GRITO VERDE QUE ANDA”
Por Pedro Tierra
Francisco. Chico. Chico Mendes.
Seringa. Seringueiro. Seringal.
Legião de homens e sonhos.
Verde rompendo o verde.
Punhal aceso na memória
da água, da pedra, da madeira.
Dos homens?
A sumaúma, a seringueira,
a pedra do monte Roraima,
o sangue que mina do tronco
nos seringais de Xapuri indagam:
onde a sombra exilada de Chico Mendes?
Organizador dos ventos gerais
que combatem depois das cercas,
de todas as cercas da Terra…
Chico: um grito verde que não cessa.

Fonte: Vozes da Floresta
Pedro Tierra – Poeta da Resistência. Foto de capa: Acervo Comitê Chico Mendes. Título original do poema: “O grito verde que anda”.
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Pedro Tierra (*1948) – HPD 352
Pedro Tierra é o pseudônimo do poeta e escritor Hamilton Pereira da Silva, nascido a 06 ou 26 de julho, há dúvidas, de 1948, em Porto Nacional, (ex-município goiano, hoje Tocantins) uma cidade com janelas olhando para o rio Tocantins. Nasceu miúdo, mas vingou. Viveu em seminários e prisões. Em seminários quando não tinha o uso da razão. Nas prisões, quando a adquiriu.. Cursou até o Ensino Médio e não frequentou a Universidade, em virtude das atividades políticas que assumiu.
Lutou contra a ditadura militar (implantada em 1964) na organização proscrita da Ação Libertadora Nacional (ALN). Depois de três anos clandestino caiu nas mãos do aparato repressivo do regime. Cumpriu cinco anos de prisão, de 1972 a 1977, em Goiânia, Brasília e São Paulo, sofrendo tortura.
Amigos enviaram os manuscritos de poesias de Pedro Tierra para a Europa, em meados da década de setenta. Tencionavam, com a publicação dos poemas, arranjar recursos para o movimento de oposição no Brasil.
Libertado vivo, Tierra atuou no Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e na Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. Fundou e organizou Sindicatos de Trabalhadores Rurais em alguns estados do país. Foi militante informal do movimento MST.
Em 1983, tornou-se o primeiro Secretário Geral da Central Única dos Trabalhadores – CUT, no Estado de Goiás. Em 1987 tornou-se membro da diretoria executiva do PT (Partido dos Trabalhadores).
Em 1997 foi convidado pelo então governador do Distrito Federal Cristovam Buarque para dirigir a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, onde permaneceu até o final do governo de Buarque em 1998.
Em dezembro de 2003, recebeu, ao lado de Ferreira Gullar, o “Prêmio Alceu Amoroso Lima – Poesia e Liberdade”, conferido pela UCAM, no Rio de Janeiro. De 2003-2007 foi presidente da Fundação Perseu Abramo . Em junho de 2007, aceitou o convite da então Ministra Marina Silva para compor a equipe do Ministério do Meio Ambiente, como Secretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Em 2010, foi assessor da Agência Nacional de Águas (ANA).
Em 1979 compôs a “Missa da terra sem males”, em parceria com Dom Pedro Casaldáliga e Martin Coplas; a parte litúrgica do “Aleluia” encontra-se no nosso hinário HPD sob nº 352 .
Além dela tem mais outras obras publicadas:
Poemas do povo da noite, escrito na prisão, publicado em espanhol, italiano e português, recebeu Menção Honrosa no Prêmio Casa de Las Américas, em 1977.
Missa dos Quilombos, com Dom Pedro Casaldáliga e Milton Nascimento.
Água de rebelião,
Inventar o Fogo,
Passarinhar,
Zeit der Widrigkeiten, antologia publicada em Berlim
Bernardo Sayão e
O caminho das onças.
De entremeio com os livros, nasceram seus filhos: Ana Terra, Alexandre e Francisco. A mãe é Maria Cristina, neta de italianos e dotada das virtudes da paciência chinesa…
Algumas poesias:
• Os Novos Materiais
• A Hora dos Ferreiros
• A Morte Anunciada de Josimo Tavares
• A pedagia dos Aços
• Carandirú: Pavilhão 111
• Ressurreição
NOTA: O pseudônimo “Pedro Tierra foi criado como meio para que seus poemas passassem pela censura das prisões da ditadura militar e fossem enviados a familiares e amigos. Seu primeiro livro, Poemas do Povo da Noite, foi publicado quando o autor ainda estava preso. Provavelmente escolheu esse pseudônimo baseado no livro “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo.

Fonte: Prgamatismo Político





