Chapada dos Veadeiros

CHAPADA DOS VEADEIROS: GALERIA PREGUIÇA COLOCA A ARTE A SERVIÇO DA NATUREZA CERRATENSE

Chapada dos Veadeiros: Galeria Preguiça coloca a arte a serviço da natureza cerratense 

São Jorge é um pequeno povoado de pouco mais de mil almas, encravado justo no portão de entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Localizado a pouco mais de 20 km da cidadezinha-sede do município de Alto Paraíso de Goiás, a “vila” de São Jorge tem poucas ruas, muitas pousadas, e uma vida cultural bastante intensa, plena de artes e artistas locais.

É em São Jorge que o artista plástico Marcos Brasil e sua parceira Cris Maia tocam sua aconchegante e acolhedora Galeria Preguiça, totalmente voltada para a promoção da exuberante complexidade da natureza e da vida no Cerrado.  É lá, na Galeria Preguiça, bem no meio da rua principal da pequena vila de São Jorge, que a arte Cerratense de Cris e Marcos se mostra em alegre esplendor.

Artistas famosos, com trabalhos espalhados pelo mundo inteiro, Cris e Marcos fazem da Galeria Preguiça, que também chamam de Ateliê Preguiça, sua base para encantar locais e turistas com seus quadros vibrantes, quase sempre retratando os animais, as plantas, as paisagens, a natureza Cerratense. Mas há também belas peças com pinturas de São Jorge, o santo padroeiro do vilarejo, de São Francisco, de Frida Khalo.

Reproduzidas em quadros, cartões, capas de caderno, canecas, ímãs de geladeira, as artes de Marcos Brasil e Cris Maia correm o mundo.  Mas, exceto por uma segunda loja coordenada por Cris em Alto Paraíso e vendas eventuais via internet, para sair da Chapada, as artes da Galeria Preguiça em geral dependem do trânsito de turistas por São Jorge.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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