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Gelado do Campo: MST lança marca de sorvete em parceria com a Escola Sorvete

Gelado do Campo: MST lança marca de sorvete em parceria com a Sorvete

A marca Gelado do Campo utiliza frutas produzidas de forma orgânica por famílias assentadas da de diversas regiões do .

Por Xepa/Mídia Ninja

Na perspectiva de dar novos passos na diversificação da produção e geração de renda, e no incentivo à cooperação e à saudável, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem (MST) de , em parceria com a Escola Sorvete, lançou na IV Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada em abril desse ano, a marca Gelado do Campo, que produz sorvetes preparados com frutas produzidas diretamente dos assentamentos de Reforma Agrária. Além das frutas, outros ingredientes como o e seus derivados, foram fornecidos pela Coapar, uma fábrica de laticínios do MST localizada em Andradina (SP).

A Escola Sorvete é uma organização que trabalha na perspectiva de formar pessoas na produção de sorvetes, priorizando o uso de ingredientes saudáveis, produzidos sem adição de conservantes, corantes, saborizantes e outros produtos químicos, e que busca o fortalecimento da agricultura familiar através do fornecimento de matéria-prima.

“Nós viemos ao longo dos anos fazendo uma contraposição ao mercado, onde as pessoas vendem gordura vegetal, corante, saborizante, emulsificante. Então a gente vem pregando que o sorvete tem que ser natural, que o leite, o açúcar e as frutas têm que vir de pequenos produtores”, defende o Chef Francisco Sant’Ana, criador da Escola Sorvete.

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Chef Francisco Sant’Ana, criador da Escola Sorvete Foto: Paloma Varón / RFI

O Chef afirmou que já tinha se aproximado do MST, oferecendo bolsas de estudos para militantes, visitando as áreas de Reforma Agrária e adquirindo produtos para a fabricação desses sorvetes. Agora, com a parceria construída, a perspectiva é de que as pessoas comecem a gerar mais renda com sua produção.

“Por que não criar uma marca da agricultura familiar, do MST, do povo campesino? Agora eles se sentiram representados, pois, para alguns tipos de frutas, a gente chega a agregar 15 vezes mais valor do que se ela fosse vendida in natura, então a gente pensa em melhorar a rentabilidade do produtor, agregar valor e garantir a qualidade do produto”, afirmou Francisco.

Lourival Placido, da Direção Estadual do MST em São Paulo pelo Setor de Produção, apontou que o movimento se envolveu no de construção de uma marca de sorvete que dialogasse com a luta.

“Esperamos e sonhamos no dia-a-dia para a agricultura familiar em ter um sorvete com frutas de verdade e produzidos de forma orgânica, no processo da transição agroecológica, que substituísse os ingredientes químicos, como os corantes e sabores artificiais, pela fruta de verdade, porque isso favoreceria a agricultura familiar, já que aumentaria a demanda de fornecimento de frutas”, explica Placido.

As frutas que foram utilizadas na fabricação do Gelado do Campo já vieram de regiões do estado de São Paulo. Além desses ingredientes, o leite e seus derivados foram fornecidos pela Coapar. Foi, portanto, mais uma possibilidade de geração de renda para as famílias assentadas, na medida em que aumentou a demanda de frutas para abastecer a fábrica.

Por enquanto, eles foram produzidos na cidade de São Paulo e distribuídos em algumas lojas da Reforma Agrária no interior, mas a perspectiva era ampliar o projeto para todo o estado. O projeto previa a formação na fabricação de sorvetes em todas as regiões de São Paulo, fazendo, assim, com que as famílias assentadas e organizadas nas associações e cooperativas fabricassem e distribuíssem os sorvetes de forma descentralizada.

Prevê, ainda, a incidência sobre a legislação para que haja uma regularização da forma de fabricação de sorvetes, de modo que consideresse a obrigatoriedade do uso de frutas de verdade no processo de fabricação

Outros produtos

A preocupação em diversificar as formas de geração de renda das famílias assentadas, bem como oferecer à a possibilidade de consumir alimentos saudáveis ​​da Reforma Agrária Popular é uma das centralidades da atuação do MST. E isso foi alcançado por meio de processos de cooperação e formas de organização coletiva das famílias, impulsionados pelo Setor de Produção do MST. Foi a partir dessa perspectiva que o movimento avançou no ingresso ao mercado como a produção organizada, levando a produção das famílias para os mercados, quitandas, mercearias, lojas e feiras, por exemplo.

Em São Paulo, alguns exemplos de como a cooperação e a organização produtiva possibilitaram avançar nos debates sobre a emergência da Reforma Agrária Popular e a transformação do em terra produtiva de alimentos saudáveis ​​já foram consolidados, e outros estão em processo de fortalecimento, como foi o caso dos produtos derivados do leite da marca Melhor do Campo, organizada pela Coapar, na região de Andradina. Também houve a produção de orgânicos da cooperativa Da Terra, na região Sudoeste do estado, que teve como um dos principais produtos o feijão Raízes da Terra. Outro exemplo foi o Café da Cecília, produção de café orgânico na região de Iaras.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: Paloma Varón / RFI. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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