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Governo anuncia criação de IPCC da Amazônia

Governo anuncia criação de IPCC da Amazônia

Iniciativa visa consolidar evidências científicas sobre clima e biodiversidade na floresta tropical. Governo deve investir R$ 3,4 bi em Ciência e Inovação no bioma.

Por Cristiane Prizibisczki/ O Eco

Belém – A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou, neste domingo (6), que o governo vai criar um IPCC da Amazônia, nos moldes do que é hoje o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. 

Em reunião preparatória para a Cúpula da Amazônia, em julho passado, Lula já havia sugerido a criação de um corpo científico voltado para a produção e compilação de pesquisas sobre a floresta tropical.

Parte da comunidade científica interamericana já deu suas contribuições iniciais à iniciativa. Em evento nos Diálogos Amazônicos, a Rede Interamericana de Academias de Ciência (IANAS) e o Painel Científico para a Amazônia (SPA) apresentaram suas considerações à ministra de estado do Brasil.

Em carta, a IANAS defendeu o fim do desmatamento, da degradação florestal, dos incêndios, da mineração ilegal e outras atividades criminosas na região até 2030. As Academias de Ciências das Américas também pedem a adoção de uma estratégia abrangente para a preservação, conservação, restauração e remediação dos ecossistemas e biodiversidade da Amazônia.

“Isso inclui uma bioeconomia sustentável baseada em florestas e rios saudáveis, maiores investimentos em pesquisa e educação, e o reforço da governança regional para  aprimorar uma gestão justa e sustentável dos recursos naturais, direitos humanos e integridade territorial”, diz o documento.

Já o Painel Científico para a Amazônia propôs a criação de sete programas, que incluem um sistema cooperativo de monitoramento do Bioma, um programa de biodiversidade e outro de fortalecimento da ciência e tecnologia voltados para a floresta, entre outros.

“Para solucionar o aparente conflito entre a economia e o meio ambiente, a pesquisa científica e tecnológica e os conhecimentos tradicionais deveriam desempenhar um papel crítico no desenho de políticas eficazes na contenção das forças que desmatam e no fortalecimento das capacidades que preservam ou restauram o bioma, garantindo ganhos econômicos para as populações locais e para o país”, diz o documento da SPA.

Os trabalhos do IPCC da Amazônia serão liderados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). 

Recursos para Ciência

Nesta segunda-feira (7), a ministra Luciana Santos deve anunciar R$ 3,4 bilhões em investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação para a Amazônia, como parte do programa de investimentos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Cristiane PrizibisczkiJornalismo. Fonte: O Eco. Foto: Marcio Isensee e Sá.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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