Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Grupo de cachalotes é avistado por pesquisadores na costa de São Paulo

Flagrante raríssimo mostra 40 cachalotes gigantes nadando em SP

Imagens raras foram feitas a mais de 300 quilômetros das praias. Mamíferos aquáticos chegam a ter 18 metros de comprimento e podem pesar até 57 toneladas.

Por: José Claudio Pimentel, G1 Santos – folhadomeio
Pesquisadores em um avião fizeram um raro registro de um grupo de 40 cachalotes (Physeter macrocephalus) a mais de 300 quilômetros das praias do litoral de . Os animais, que podem chegar a 18 metros de comprimento e pesar até 57 toneladas, foram encontrados durante monitoramento na área de exploração de petróleo do pré-sal.
As cachalotes são mamíferos aquáticos que, apesar do tamanho, não são baleias. As que foram flagradas estavam em deslocamento na superfície, próximas à extremidade da Bacia de Santos, onde a profundidade supera os 2 mil metros.
A espécie ocorre em todos os oceanos e está classificada como vulnerável à extinção pela União Internacional para a Conservação da (IUCN, em inglês).
“Em termos de registro, é raro. Estamos, justamente, estudando o comportamento delas, já que estão geralmente concentradas no talude [região de declive] da plataforma continental [porção mais rasa, de até 200 metros de profundidade], mais na região sul”, explica o biólogo José Olímpio da Junior, coordenador da Socioambiental, que faz pesquisa a pedido da Petrobras.
Grupo de cachalotes é avistado por pesquisadores na costa de São Paulo — Foto: Divulgação/Sociambiental
Grupo de cachalotes é avistado por pesquisadores na costa de São Paulo — Foto: Divulgação/Sociambiental
A Petrobras é obrigada pela legislação a avaliar eventuais impactos da extração do petróleo. As cachalotes foram registradas durante a 8ª Campanha de Avistagem Aérea do Projeto de Monitoramento de Cetáceos (PMC), realizada no primeiro trimestre desse ano pela consultoria.
Olímpio explica que biólogos e oceanógrafos percorrem toda a Bacia de Santos – que inclui os litorais de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro – em um avião ao longo de uma semana, se as condições climáticas permitirem.
Os voos feitos nessas áreas são diários, de cinco horas de duração, e têm por objetivo localizar e registrar o comportamento dos cetáceos – mamíferos aquáticos – cujos animais mais conhecidos são as baleias e os golfinhos.
Outro registro raro feito durante os trabalhos foi em 2018 também no litoral paulista, de quatro baleias-azuis (Balaenoptera musculus) – considerado o maior animal a existir na por atingir até 30 metros de comprimento e pesar até 180 toneladas. Os avistamentos anteriores dessa espécie na costa brasileira tinham ocorrido na década de 1960.

 

 

Pesquisadores em aeronave realizam o monitoramento da Bacia de Santos — Foto: Divulgação/SociambientalPesquisadores em aeronave realizam o monitoramento da Bacia de Santos — Foto: Divulgação/Sociambiental

Ao menos 38 espécies já foram identificadas nessa área de exploração desde o início do monitoramento, em 2015. Além do sobrevoo, os pesquisadores fazem registros por meio de expedições de navio, onde navegam por mais de um mês para filmar, fotografar e capturar os sons desses animais.
“Nessas embarcações, a gente também reboca um cabo de conjunto de hidrofones que faz o registro acústico [submerso]. Nosso objetivo, no futuro, é poder identificar com precisão as espécies, de maneira simultânea, por meio da observação visual e acústica, justamente para aprofundar o conhecimento”, explica o coordenador do projeto.
Os profissionais também acoplam transmissores a alguns desses animais para poder acompanhá-los remotamente e assim entender da maneira exata de onde vêm e para onde vão. A captação de dados desse monitoramento é complementada pela coleta de material genético, que é analisado em laboratório posteriormente pela equipe.
Baleia azul foi registrada pelos pesquisadores na costa de São Paulo — Foto: Divulgação/Sociambiental
Baleia azul foi registrada pelos pesquisadores na costa de São Paulo — Foto: Divulgação/Sociambiental
Apesar dos três anos de projeto, os pesquisadores consideram ser necessário duas décadas para poder avaliar a existência ou não de impactos ocasionados pelas unidades petrolíferas. Esse trabalho ocorre paralelo ao Projeto de Monitoramento de Praias, feito nas praias do quatro estados que englobam a Bacia de Santos e estuda e resgata animais encalhados, vivos ou mortos.
Cachalote
O biólogo José Olímpio lembra que as cachalotes se diferem das baleias justamente por terem dentes, por isso são classificadas como grandes cetáceos. A espécie se popularizou ao ser descrita no clássico romance Moby Dick, de Hermann Melville, que conta a história do ataque a uma embarcação baleeira e o naufrágio que deixou 20 tripulantes à deriva.
As cachalotes se alimentam de peixes e lulas que vivem em grandes profundidades. “Elas podem permanecer por mais de 30 minutos embaixo d’água com tranquilidade e concentram-se na região do talude continental justamente por ser rico em nutrientes pela movimentação das correntes marítimas”, explica o coordenador do projeto.
O predador natural é a orca (Orcinus orca), mas a principal ameaça é a captura acidental em redes de pesca e a colisão com grandes embarcações em alto-mar. A caça aos animais da espécie ocorreu até a segunda metade do século 20, ainda conforme os pesquisadores, para a obtenção de óleo e de uma substância para prover a iluminação de cidades.

 

 

Pesquisadores em embarcação durante expedição para registro de animais na Bacia de Santos — Foto: Divulgação/SocioambientalPesquisadores em embarcação durante expedição para registro de animais na Bacia de Santos — Foto: Divulgação/Socioambiental

 

 

Pesquisadores se aproximam de animais para acoplar transmissores via satélite — Foto: Divulgação/SocioambientalPesquisadores se aproximam de animais para acoplar transmissores via satélite — Foto: Divulgação/Socioambiental

 

 

Pesquisadores sobrevoam a Bacia de Santos em busca de cetáceos — Foto: Divulgação/SocioambientalPesquisadores sobrevoam a Bacia de Santos em busca de cetáceos — Foto: Divulgação/Socioambiental

Fonte: http://www.folhadomeio.com.br/fma_nova/noticia.php?id=5035

ANOTE:  Este site é mantido com a venda de nossas camisetas. É também com a venda de camisetas que apoiamos a luta de afora. Ao comprar uma delas, você fortalece um veículo de independente, você investe na . Visite nossa Loja Solidária: http://xapuri.info/loja-solidaria. Em , encomendas com Geovana: 61 9 9352 9191. Em , com Janaina: 61 9 9611 6826.

Camiseta itiquira: http://xapuri.info/produto/camiseta-itiquira/

Posts redes loja Itiquira

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA