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Soyuz 11: Dobrovolskiy, Volkov e Patsaev, heróis do espaço 

Heróis do espaço

Por José Roberto de Vasconcelos Costa

 

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Kubasov, Leonov e Kolodin: a tripulação da Soyuz 11 que morreu no espaço.O astrônomo José Roberto Costa lembra a morte da tripulação russa da Soyuz 11 e afirma que a conquista do espaço também é feita por esses heróis quase anônimos

Muito pouca gente sabe, mas entre 1971 e 1991 a antiga União Soviética colocou em órbita sete estações espaciais. Chamadas Salyut, eram todas relativamente simples, apenas um módulo colocado no espaço por meio de um único lançamento. Mas seu sucesso na época foi comparável ao dos ônibus espaciais norte-americanos.

A Salyut 1 foi chamada Zarya e as Salyut 2, 3 e 5 ficaram conhecidas como “Projeto Almaz”. Eram missões militares que usaram um telescópio ótico para reconhecimento de instalações bélicas no solo.

As Salyut 6 e 7 foram os voos de mais longa duração deste programa. No fim, cada estação era bem diferente da outra e o programa serviu a diversos interesses, de pesquisas científicas a militares.

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Os cosmonautas da Soyuz 11: heróis quase anônimos.

Viver e morrer no espaço

Porém, houve um acontecimento trágico bem no início do programa Salyut – e que marcou para sempre a história da Astronáutica. Tudo começou com o lançamento da Salyut 1, em 19 de abril de 1971.

Ela foi a primeira estação orbital da história e sua primeira tripulação, lançada a bordo da nave Soyuz 10, acoplou mas não pode entrar na estação devido a um problema técnico. Foi então enviada uma segunda tripulação com a Soyuz 11. E ela permaneceu a bordo durante longos e produtivos 23 dias.

Mas no fim, ao se preparar para o regresso, os cosmonautas Dobrovolskiy, Volkov e Patsaev se depararam com uma falha numa pequenina válvula, que deixou escapar todo o ar da atmosfera artificial do interior da cápsula, despressurizando-a.

Até hoje as naves Soyuz não precisam necessariamente de controle humano para reentrar na atmosfera terrestre e pousar, e foi assim que em 29 de junho de 1971, quando a Soyuz 11 tocou o chão das estepes geladas do Cazaquistão, trazia apenas os corpos de sua tripulação.

Até hoje essas foram as únicas mortes ocorridas no espaço (acima de 100 km de altitude), pois certamente a tripulação padeceu por asfixia, logo depois da desacoplagem com a Salyut 1, que ficara vazia em órbita.

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Soluções em órbita

Não há mais nenhuma Salyut no espaço. Elas tinham objetivos específicos e estavam condenadas a reentrar na atmosfera após um curto período de operação em órbita. Mesmo assim, prepararam os cosmonautas para a montagem e manutenção da futura estação Mir, que serviu de base para a atual ISS (Estação Espacial Internacional).

Hoje também praticamente ninguém lembra ou conhece histórias como essa. Mas a conquista do espaço também é feita por esses heróis quase anônimos. Neste exato instante há pessoas lá em cima, circulando a Terra uma vez a cada 90 minutos.

Na verdade é provável que durante todo o século XXI nenhuma pessoa venha a nascer sem que haja outras vivendo no espaço. A cada dia que passa, mesmo sem nos darmos conta, a solução de muitos dos nossos problemas na Terra está nas mãos e mentes desses heróis do espaço.

ANOTE AÍ

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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