Horta

Horta na Escola Classe 419 de Samambaia contribui para o desenvolvimento dos saberes de forma integrada

Valores como colaboração e respeito
sempre presentes nas atividades

Pensar numa sustentável implica ensinar às a produzir ao invés de consumir. Diante disso, a Escola Classe 419 de Samambaia (EC 419) buscou provocar nas crianças a ideia de que é preciso construir uma percepção humana capaz de gerar conhecimentos sobre a e sua relação com o meio ambiente, pois o discurso pedagógico precisa ter um efeito positivo na dos alunos fora e dentro da escola.

Com cerca de mil estudantes nos dois turnos, entre quatro e 10 anos de idade, abrangendo da Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, a EC 419 desenvolve, desde 2016, o Projeto Horta – “Incentivar a Saudável numa Perspectiva da ”. A finalidade maior é intervir na cultura alimentar e nutricional dos estudantes da escola com base no entendimento de que é possível promover uma melhoria na qualidade de vida e na aplicação de novos saberes dentro de um parâmetro de formação integral do sujeito.

A escola, ao pensar na criação da horta, garante aos estudantes a possibilidade de aprender a plantar, selecionar o que plantar, planejar o que plantou, transplantar mudas, regar, cuidar, colher, decidir o que fazer do que colheu, utilizando, assim, os pressupostos pedagógicos da Educação Ambiental e Alimentação Saudável numa perspectiva interdisciplinar”, explica a vice-diretora da unidade escolar, Edilene Nunes Pereira.

Ela conta que cada turma aproveita a horta para trabalhar os conteúdos interdisciplinares da educação infantil, faz registros por meio de desenhos e textos coletivos; os estudantes alfabetizados fazem relatórios descritivos do seu canteiro, fazem pesquisa sobre sementes, como plantar, utilizam as situações para construírem gráficos e resolução de problemas, trabalham ciências por meio das fases das plantas e fazem registros fotográficos.

Neste ano, a escola recebeu uma emenda parlamentar que permitiu fazer a captação da água da chuva e a construção de mais canteiros, trabalhando o plantio de hortaliças, com as PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), separação do lixo para reciclagem, aproveitamento dos orgânicos para produção de adubo – que é utilizado na própria horta e no jardim suspenso.

A diretora Irene Lino de Carvalho complementa: “A horta é um ótimo recurso para os fins pedagógicos e sociais, pois as crianças tem a oportunidade de ter contato com a e conhecer de onde vêm os alimentos que consumimos, incentivando o consumo de alimentos saudáveis e orgânicos. As hortaliças que produzimos são utilizadas na merenda (coentro, cebolinha, couve, alface). Outras hortaliças servem para fazer receitas saudáveis a partir de um instrucional (salada, sanduíche natural, sopa, farofa, suco)”.

De acordo com as gestoras, os professores relatam que a horta enriquece as aulas, os alunos se interessam, querem plantar, se preocupam em cuidar, verificam o crescimento e isso desperta o desejo de consumir alimentos saudáveis. “Alguns alunos não têm o costume de comer verduras e legumes em casa; mesmo na escola havia resistência. Mas com a horta, com eles participando do cultivo e colheita, sentem vontade de comer e mesmo os mais resistentes começam a querer experimentar porque veem outros colegas comendo”.

O projeto significa a promoção da educação integral de crianças; a horta nos ensina práticas de cultivos, mas também ensina valores de colaboração, respeito, esperar o tempo da colheita, valores essenciais à vida. Desperta o desejo de aprender sempre mais, proporciona a interdisciplinaridade de conteúdos, combate o desperdício, propaga ações sustentáveis e faz conhecer e vivenciar a importância de uma alimentação saudável para uma vida com qualidade e feliz”, enfatizou Edilene.

Para os próximos anos, a equipe da EC 419 de Samambaia pretende ampliar o projeto, englobando o cultivo de agroflorestal, minhocário e meliponário.logoSinpro

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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