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Imbecis não, patriotas de verdade!

Imbecis não, patriotas de verdade!

Deputado bolsonarista do PL-GO questiona necessidade de mais universidades e chama estudantes de imbecis.

Por Arthur Wentz e Silva/Revista Xapuri

Responsável por boa parte da distribuição de mentiras e ataques, Gustavo Gayer (PL-GO) é um velho conhecido do escárnio pensamento da extrema-direita no Brasil. Perseguidor de professores e dono de discursos radicais na Câmara dos Deputados, faz questão de destilar seu ódio por importantes figuras da sociedade, essenciais à democracia e ao Brasil. 

Na última quarta-feira (23), o deputado mencionou em fala na Comissão de Educação ataques grotescos aos estudantes e, consequentemente, ao conjunto de atores educacionais no Brasil. 

“Vamos formar mais faculdades, vamos criar mais instituições de ensino, para formar mais imbecis”, falou o deputado

A primeira incongruência está na fala que foi feita em Comissão responsável por discutir, fiscalizar e propor soluções para os diversos desafios de implementação de uma educação pública, gratuita, laica e de qualidade. O lugar de quem, vergonhosamente, tenta atacar a educação brasileira não é em Comissão de tanta relevância para o Brasil.

Em um ano de muitos desafios para a consolidação da educação brasileira, em que precisa se discutir uma nova reforma universitária, a institucionalização do Plano Nacional de Assistência Estudantil, a revogação do Novo Ensino Médio e tantas outras políticas que atrasam o sistema educacional brasileiro, a preocupação do deputado é de ataque aos estudantes, fundamentais para nossa tão nova democracia. 

Patriotas de verdade

Responsáveis pela derrota de Bolsonaro nas ruas e urnas, os estudantes são linha de frente na defesa da democracia. Com sua sede incendiada pelos militares logo no primeiro dia de golpe militar, em 1964, fomos quem não desistiu de um projeto democrático para o país. Perdemos companheiros para o fascismo. Honestino Guimarães e Helenira Rezende são alguns dos nomes que defenderam bravamente o Brasil.

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50 anos sem Honestino. Foto: Yuri Salvador

Para além de defensores da democracia, somos nós quem diariamente produz ciência e tecnologia, tão importantes para a consolidação da soberania nacional. Estudantes, espalhados de norte a sul deste país, deram a cara a tapa para barrar a pandemia da Covid-19, implementando nas mais diversas áreas de conhecimento, mecanismos de resolução da pandemia. 

Enquanto o inelegível se preocupava em distribuir fake news acerca da vacinação e do enfrentamento prático, eram nas universidades que estavam os verdadeiros defensores e patriotas do Brasil.

Articulados na defesa da ciência, boa parte do desenvolvimento nacional está diretamente ligado com as instituições de ensino superior, em sua maioria as universidades e institutos federais. Segundo relatório da Clarivate Analytics para a Capes, em 2018, 99% da produção de científica vem das universidades federais e estaduais.

Nesse cenário, a fala de Gayer (PL-GO) não só é uma afronta à educação brasileira, como também à democracia do nosso país. Quem quer que se pinte de patriota deve honrar a história bela e astuta dos estudantes brasileiros. Barrar o bolsonarismo é uma tarefa fundamental para fortalecer a democracia. Ele e seu projeto nefasto anti-povo deve ser jogado na lata de lixo da história. 

Repercussão 

Recém eleita em Congresso Nacional, Manuela Mirella, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) rebateu as falas agressivas do deputado e fez questão de lembrar o papel dos estudantes na queda do bolsonarismo. A pernambucana ressaltou os atuais desafios da universidade e a necessidade de parlamentares comprometidos com a educação brasileira. 

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Presidenta da UNE, Manuela Mirella. Foto: Reprodução/UNE

A Associação dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (ADUFG) também repudiou aos ataques de Gayer (PL-GO). A entidade destacou que: “A liberdade de expressão é um dos pilares fundamentais da democracia, mas não pode ser usada para justificar discursos de ódio, discriminação ou violência contra qualquer pessoa ou grupo.”

Derrotar o bolsonarismo, salvar o Brasil

Não só os coletivos de juventude, mas todo o Movimento Social no Brasil tem o compromisso de derrotar o bolsonarismo. Perto de sua condenação e inelegível, Bolsonaro atacou o país e a democracia brasileira em diferentes esferas, algo que já é claro para todos os militantes deste país. Ainda assim, a tarefa de destituição de seu legado não está dada. Derrotar o bolsonarismo é fundamental para reconstruir, reerguer e fortalecer o país. 

Arthur Wentz e Silva é estudante de Letras – Língua Portuguesa na Universidade de Brasília e compõe a Equipe de Redação da Revista Xapuri. Capa: Diehl (2012)


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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