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Indígenas recorrem contra medalha concedida a inominável

Indígenas recorrem contra medalha concedida ao inominável

Indígenas recorrem contra medalha concedida ao inominável

Movimento indígena quer anulação da portaria que homenageou presidente…

Por Jornalistas Livres

O movimento indígena irá à Justiça para solicitar a anulação da Portaria MJSP 46, que deu a Bolsonaro e dez de seus ministros a “Medalha de Mérito Indigenista”. A publicação da portaria no Diário Oficial da União em 16 de março concedendo a deixou indígenas e defensores de e dos perplexos e indignados. A Articulação dos Povos Indígenas do (Apib) repudiou a portaria MJSP 46 e chamou a premiação de “Medalha do Genocídio Indígena”.

A Medalha do Mérito Indigenista é entregue por “serviços relevantes, altruísticos e relacionados ao bem-estar, proteção e defesa das comunidades indígenas”. Neste ano, o Ministério da Justiça e concedeu a honraria a Jair Messias Bolsonaro, Anderson Gustavo Torres; Walter Souza Braga Netto; Tereza Cristina Correa da Costa Dias; Damares Regina Alves; Augusto Heleno Ribeiro Pereira; Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira; Tarcísio Gomes de Freitas; João Inácio Ribeiro Neto; Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes e Bruno Bianco Leal.

Segundo lideranças indígenas, nenhum dos agraciados apoia a causa indígena e/ou defende os direitos dos . Ao contrário, são pessoas que em sua trajetória tem ocasionado danos irreparáveis aos povos indígenas do Brasil. Eles apoiam explicitamente a liberação da mineração nas e a “não ” das terras indígenas. Ou seja, posicionam-se exatamente do lado oposto aos povos indígenas e às ações relacionadas ao bem-estar, proteção e defesa das comunidades indígenas, posicionamentos que seriam esperados das pessoas que recebem a “Medalha do Mérito Indigenista”.

Agnaldo Pataxó, coordenador do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia – MUPOIBA, afirma que tanto o MUPOIBA quanto a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) repudiam a premiação. E adiantou que vão tomar todas as providências possíveis e irão à Justiça para “tornar nulo esse ato” de agraciamento da medalha.

“Essas pessoas atuam contra nossa luta por território, direitos, dignidade e vida”, disse Agnaldo. Segundo ele, o governo Bolsonaro carrega destruição e sangue indígena nas mãos. “Receber medalha de mérito em defesa aos povos indígenas é inadmissível e desrespeitoso aos povos indígenas”, ressaltou.

“Bolsonaro você é um genocida dos povos indígenas”

“Poderia ser uma piada ou um meme, mas não é, é absurda. (…). Em resumo, o governo se automedalhou. Essa medalha de mérito indigenista, o próprio governo se deu. (…) Ou seja, todas as pessoas que estão por trás da política anti-indígena, que tem acontecido no Brasil”, comenta Samara Pataxó, jurista e doutoranda em Direito na UNB

O indígena e vereador Geovani Krenak também se expressou nas redes sociais: “Demarque nossas terras, seu ridículo”.

Na Bahia, a secretaria estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) publicou nota de repúdio pelo recebimento da medalha do mérito indigenista pelo presidente Bolsonaro, destacando que “Conceder a Medalha do Mérito Indigenista ao presidente Jair Bolsonaro fere a alma, a história e a luta dos povos indígenas brasileiros. É um desrespeito sem medida a um povo que fez e faz a história desse país”.

Jair Bolsonaro, historicamente, é contra a demarcação dos territórios indígenas. Expressamente em sua campanha presidencial declarava que “no que depender de mim não tem mais demarcação de terra indígena” . Após assumir como presidente do Brasil, disse que “não fará demarcação de terras indígenas durante seu governo. E completou, “enquanto eu for presidente não tem demarcação de terra indígena“. Fiel à sua palavra, Bolsonaro sistematicamente reduziu os recursos voltados às para a população indígena. Frequentemente incentiva a invasão de terras por parte de não índios.  E seu governo tem realizado diversas manobras administrativas para retardar ou anular processos de demarcação.

A portaria nº 47
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO – Publicado em: 16/03/2022 | Edição: 51 | Seção: 1|Página: 72 | Órgão: Ministério da Justiça e Segurança Pública/Gabinete do Ministro
PORTARIA MJSP Nº 47, DE 15 DE MARÇO DE 2022
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o inciso I do parágrafo único do art. 87 da Constituição, tendo em vista o art. 1º do Decreto nº 71.258, de 13 de outubro de 1972, e o que consta no Processo Administrativo nº 08620.001823/2022-81, resolve:
Conceder a Medalha do Mérito Indigenista, como reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas, aos seguintes colaboradores:
JAIR MESSIAS BOLSONARO;
ANDERSON GUSTAVO TORRES;
WALTER SOUZA BRAGA NETTO;
TEREZA CRISTINA CORREA DA COSTA DIAS;
DAMARES REGINA ALVES;
AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA;
LUIZ EDUARDO RAMOS BAPTISTA PEREIRA;
TARCÍSIO GOMES DE FREITAS;
JOÃO INÁCIO RIBEIRO ROMA NETO;
MARCELO ANTÔNIO CARTAXO QUEIROGA LOPES;

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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