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INFORMAÇÃO COMO PRINCIPAL MATÉRIA PRIMA DO CAPITALISMO GLOBAL

Livro explica como a informação se tornou a principal matéria prima do capitalismo global

Organizado por Aaron Schneider, Soberania Popular na Era Digital foi lançado nesta segunda-feira (11), e é resultado de parceria entre Fundação Perseu Abramo, Instituto Lula e Hucitec Editora

Por Henrique Nunes/Fundação Perseu Abramo

No mundo digital, quem tem dados tem tudo. A afirmação é uma das premissas do livro “Soberania Popular na Era Digital”, organizado pelo professor da Universidade de Denver (EUA), Aaron Schneider, e lançado nesta segunda-feira, dia 11, na Fundação Perseu Abramo.

A obra inaugura a série de lançamentos da coleção Novas e Velhas Desigualdades na Era Digital, resultado de parceria entre a FPA, Instituto Lula (IL) e Hucitec Editora. Com prefácio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Soberania Popular é dividido em quatro seções temáticas que reúnem, ao todo, 14 artigos escritos por diversos autores.

Em comum todos eles tocam em pontos fundamentais para entender as transformações nas relações interpessoais e de trabalho no mundo dominado pelas novas tecnologias. “Estamos num momento novo do capitalismo global. Hoje, os dados se transformaram em matéria prima. E quem gera, coleta, armazena e modifica estes dados pode propor o valor que quiser para esta cadeia produtiva”, alerta Schneider.

Para o organizador do livro, esta premissa explica porque empresas como a Uber já começaram a se reposicionar no mercado. “A principal fonte de renda da Uber já não é o transporte. É o fornecimento de dados. Por isso a empresa aceitou pagar um salário mínimo aos motoristas. Porque ela lucra repassando a outras empresas onde vamos e o que procuramos. Com esses dados, é possível definir, por exemplo, onde é melhor abrir uma nova unidade de Starbucks”.

Paulo Okamotto, presidente da FPA, acredita que o livro será um importante material de consulta para entender “como a classe trabalhadora precisa se apropriar dessas novas tecnologias para produzir mais conhecimento e uma sociedade mais justa. Quem quer buscar informações sobre o tema terá um vasto material disponível”, elogia.

Carlos Árabe, responsável pela Diretoria de Estudos, Pesquisas e Editora da FPA, completa: “Precisamos falar sobre o uso de dados na era digital porque se trata de um tema fundamental para a democracia. O livro nos mostra como hoje é feita a produção de conhecimento e como ela interfere em nosso cotidiano”.

Ivone Silva, presidenta do Instituto Lula, também fez paralelo entre a produção de dados e informações com a defesa da democracia, sobretudo de países em desenvolvimento. “Sabemos que as redes sociais foram usadas para atacar a democracia e para propagar ideias fascistas. Temos que sempre nos perguntar: as tecnologias serve para que e para quem?”.

Fonte: Fundação Perseu Abramo Capa: Sérgio Silva

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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