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IV CNS: Lutando pelo futuro da vida na Amazônia

IV CNS: Lutando pelo futuro da vida na Amazônia

IV CONGRESSO NACIONAL DAS POPULAÇÕES EXTRATIVISTAS E COMUNIDADES TRADICIONAIS DA AMAZÔNIA – CNS

Brasília, 05 de novembro de 2019

O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), entidade criada em 1985, sob a liderança de Chico Mendes, representa as populações tradicionais extrativistas que vivem e protegem as florestas e as águas na Amazônia e nos demais biomas brasileiros. Reunido em Brasília para seu IV Congresso Nacional, o CNS expressa seu compromisso com a construção de um futuro de liberdade, paz e confiança para as futuras gerações. 

Como resultado da nossa luta, a Amazônia tem hoje cerca de 60 milhões de hectares, mais de 10% da área da região, oficialmente designados como territórios de uso comum de comunidades extrativistas e agricultores familiares em modalidade sustentáveis de uso dos recursos naturais. E muitas áreas tradicionalmente ocupadas ainda esperam proteção oficial.

Temos consciência do papel das florestas tropicais – e das populações que nela vivem – no equilíbrio climático global. Só em nossos territórios protegemos mais de 2 bilhões de estoque de carbono, conforme estudos de renomados cientistas. 

No contexto em que vive hoje o Brasil, vemos a segurança dos nossos territórios ameaçada pela desestruturação da política ambiental, pela paralisação dos programas econômicos e sociais de apoio à economia da floresta, pelos danos ambientais produzidos por desmatamentos e queimadas ilegais e perda dos meios de vida contaminados pelo óleo no Nordeste, pela dispensa dos recursos da cooperação internacional e, como se não bastasse, pelo programa de investimentos de alto impacto ambiental e social anunciado pelo governo.

Somos contra a agenda política de incentivo aos desmatamentos e às queimadas, à garimpagem, à extração ilegal de madeira e não aceitamos a ideia de que a gestão ambiental “sabota” o desenvolvimento do país, como afirma o atual governo.

Defendemos um modelo de desenvolvimento para a Amazônia fundamentado na valorização dos produtos da biodiversidade e no pagamento pelos serviços ambientais que prestamos ao Brasil e ao Planeta, como defendeu na década de 1980.

Conquistamos os territórios e agora precisamos ampliar atividades econômicas que nos ajudem a consolidar o desenvolvimento sustentável. O mundo experimenta importantes mudanças no padrão de produção e consumo e nós, populações tradicionais que vivemos na Amazônia, precisamos de apoio para valorizar ainda mais os nossos produtos com investimentos, tecnologia, inovação e acesso aos mercados, para assim concretizarmos o modelo econômico de uso múltiplo da floresta. 

Temos consciência de que o futuro da floresta depende do protagonismo da nossa juventude na defesa da Amazônia e de suas populações, o que requer uma educação diferenciada e contextualizada que favoreça o conhecimento e os benefícios advindos da economia da biodiversidade.

Diante dessa realidade, pleiteamos que os países que sempre foram parceiros do governo brasileiro na proteção da Amazônia priorizem seus recursos de cooperação técnica e financeira para nossas iniciativas para que possamos continuar protegendo as florestas com dignidade. Defendemos a retomada do Fundo Amazônia e a priorização de parcerias diretas com o movimento social organizado.

Esperamos que o Congresso proteja o patrimônio natural brasileiro e nossos territórios das ameaças que os cercam, seja pela pressão de atividades ilegais, seja pela desestruturação das instituições ambientais, assegurando o futuro da vida na Amazônia.

Fonte: CNS/Memorial Chico Mendes

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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