Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Janja, oh Janja, olhai pelas mulheres no governo!

Janja, oh Janja, olhai pelas mulheres no governo!

 “O seu trabalho, Cida, será como o de uma capitã, nos guiando para virar o jogo contra o machismo e a misoginia.” Janja Lula 

Salve,  Janja!

Não teve quem não se emocionasse ao ver Lula subindo a rampa abraçado por aquela diversidade toda. Entre nós, militantes do PT, também não tem quem não saiba que aquela beleza de posse teve mais do que um dedo seu.  

Aliás, desde que você entrou em cena, é muito bom ver esse seu sorriso lindo marcando posição em defesa de direitos e, em especial, em defesa dos direitos das mulheres. Daí a razão desta minha carta, Janja!

Vivemos com emoção o avanço do governo Lula em direção a uma posição – não da sonhada equidade -, mas de reconhecimento do papel das mulheres na construção da nossa democracia e da vida política brasileira.

Sabemos da importância fundamental de se garantir os votos necessários para os projetos do nosso governo no Congresso Nacional. Temos clareza disso. Mas, Janja, por favor não deixe que isso ocorra à custa das mulheres!

Não é possível que, depois de tanta luta, tenhamos que enfrentar o retrocesso da presença feminina neste governo que – na maioria nós mulheres – elegemos para unir e reconstruir um  Brasil mais democrático, mais diverso, mais igualitário e mais justo. 

Você sabe, Janja, que se não for dado um basta, a misoginia e o machismo, sinto dizer, também entre companheiros nossos, se despem de qualquer pudor ao cobiçar (e ao se dispor a entregar), não qualquer cargo, mas, os cargos das mulheres. 

Que os partidos do Centrão apresentem seus homens brancos para compor o governo, não surpreende. Afinal, nós  sabemos  que é assim que as estruturas retrógadas de dominação se perpetuam. O que não é natural é que essas trocas sejam feitas em detrimento dos cargos de nossas mulheres ministras.

Ana Moser, Cida Gonçalves, Luciana Santos, Nísia Trindade (felizmente blindada pelo próprio Presidente Lula) e Rita Serrano, são todas elas mulheres fortes, capazes e competentes, e por essa razão nenhuma delas deve sair do governo por conta da cobiça de seus cargos pelo Centrão.

Não bastasse o ataque inclemente e a retirada de poderes dos Ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, conduzidos por duas mulheres, as ministras Marina Silva e Sonia Guajajara, esse mesmo bloco tenta agora usurpar não só alguns cargos, mas os próprios ministérios onde estão nossas mulheres?  

Pode não, Janja!

Neste nosso país onde o poder segue sendo trágica e espantosamente branco e masculino, a esperança é a de que você tenha condições de botar uma cunha nessa condição esdrúxula.

Você tem o ouvido do Presidente e pode fazer com que ele reflita sobre as consequências do tremendo revés dessas  trocas para nós mulheres brasileiras. 

É isso, Janja.

Por favor, olhai por nossas mulheres no governo!  

Abreijos de Esperança,

Zezé 

P.S. Já que estou pedindo, bota também na minha conta o pedido por  Cida Gonçalves, nossa única ministra declaradamente do PT, com quem não tenho amizade nem conhecimento  – com ela conversei uma única vez  (no lançamento do livro do Marighella, escrito pela Iara Xavier e pelo Gilney Viana, produzido por nós aqui na Xapuri), mas a quem acompanho e respeito pela  qualidade técnica  e pela trajetória de luta. 

Outro P.S.  Se der,  pede também pro Presidente Lula mudar o horário da Live. Por todo lugar onde passo, tem muita gente dizendo que a Live podia ser fora do hora de trabalho da maioria do povo brasileiro.

Janja e Cida 1

 

 

 

 

 

Montagem/Reprodução da Folha de Dourados. Foto de Capa – Agência Brasil. 


[smartslider3 slider=43]

Uma resposta

  1. Boa a carta,tem que falar aí Lula também da condição de vida dos militantes,que passam por necessidades,tocando o partido e o Lula não vê isso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA