Juiz da Paraíba censura documentário sobre a operação Calvário

Juiz da Paraíba censura documentário sobre a operação Calvário

Juiz da Paraíba sobre a operação Calvá

Juiz Max Nunes atendeu a pedido do desembargador Ricardo Vital contra os jornalistas Eduardo Reina e Camilo Toscano, autores do documentário sobre a ‘Lava Jato paraibana’…

Via 247

O juiz Adhemar de Paula Leite Ferreira Néto, de 3ª Entrância da comarca de João Pessoa, censurou o documentário “Justiça Contaminada – O Teatro Lavajatista da Operação Calvário na Paraíba”, produzido pelos jornalistas Eduardo Reina e Camilo Toscano. 

O documentário expõe ilegalidades da operação que atingiu o ex-governador Ricardo Coutinho (PT), a deputada estadual Estela Bezerra (PT) a ex-prefeita de Conde Márcia Lucena (PT) e outras pessoas ligadas ao grupo político de Coutinho. A operação Calvário investiga supostas fraudes e desvios na saúde e na educação da Paraíba.

O magistrado atendeu a um pedido feito pelo desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), que é relator das ações da operação Calvário. Na acusação, Vital nega ilegalidade na condução da operação e acusa os jornalistas Eduardo Reina e Camilo Toscano de promeverem uma “ de ataques pessoais”, com o único intuito de denegrir sua imagem e honra.

Responsáveis pela investigação na Paraíba, o promotor Octávio Paulo Neto, do Ministério Público (MP-PB), e o desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça (TJ-PB), eram chamados pela imprensa local como “Moro e Dallagnol da Paraíba”, em referência ao ex-juiz declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal Sergio Moro e ao ex-procurador Deltan Dallagnol, que comandaram a “lava jato”.

Não é a primeira vez que o desembargador Ricardo Vital aciona a Justiça para censurar publicações sobre a Calvário. Em 2020, o magistrado entrou com uma ação de reparação contra o professor Flávio Lúcio Vieira e a editora Meraki pela publicação de um capítulo do “Lawfare: O Calvário da ”.

Leia a petição inicial e a decisão do juiz que censurou o documentário sobre a operação Calvário:

De acordo com as reportagens conhecidas como Vaza Jato, publicadas a partir de junho de 2019, Moro participava da construção das denúncias e, em consequência, prejudicava o direito de defesa. No primeiro semestre do ano passado, ex-juiz foi declarado parcial pelo STF nos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da (PT). 

Neste mês de agosto, de 2022, o Tribunal de Contas da (TCU) condenou Dallagnol, o procurador João Vicente Beraldo Romão e o ex-procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot, e determinou que os três devolvam aos cofres públicos R$ 2,8 milhões gastos com diárias e passagens de membros da antiga Operação Lava Jato.

Em ço deste ano, o Superior Tribunal de Justiça determinou que Dallagnol pague R$ 75 mil a Lula por conta do PowerPoint apresentado em 2016, quando o então procurador denunciou sem provas o ex-presidente.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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