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Julho, mês de luta!

Julho, mês de luta!

Neste mês de luta ocorrem as comemorações dos 45 anos do Movimento Negro Unificado (MNU).  Criado durante emblemático ato público realizado em 7 de julho de 1978, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, o MNU representa um marco de luta no combate ao racismo no Brasil.

Por Iêda Leal

Neste mês de luta ocorrem as comemorações dos 45 anos do Movimento Negro Unificado (MNU).  Criado durante emblemático ato público realizado em 7 de julho de 1978, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, o MNU representa um marco de luta no combate ao racismo no Brasil.

Com a existência do MNU, brotaram outras entidades e coletivos com o mesmo sentido e com a mesma perspectiva de garantir os direitos da população negra em nosso país. Um grande salve, portanto, para o MNU!

Em 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, criado no 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, capital da República Dominicana, em 1991. Ali, mulheres negras discutiram sobre modos de combater o machismo, o racismo e todas as formas de violência e preconceito sobre as pessoas negras.

É também em julho, no dia 25, que, no Brasil, celebramos o Dia Nacional Tereza de Benguela, aguerrida mulher quilombola do Quilombo de Quariterê, localizado em Mato Grosso. Símbolo de liderança e força, Tereza construiu e comandou, por duas décadas, um movimento de resistência à escravidão, lutando pela liberdade do seu povo. Ao homenageá-la, celebramos o legado de todas as mulheres negras que honraram e honram nossa capacidade de reorganizar nossos passos a todo momento.

Essas datas nos lembram os anos de lutas negras sem interrupções em nome do nosso povo, vítima de quase 400 anos de escravidão, quando nossos ancestrais foram violentamente arrancados do continente africano e explorados em território brasileiro. Nossa história de luta se mistura com as águas dos oceanos e deixa marcas que atravessam séculos. Nelas, destaca-se a dedicação de mulheres negras que assumiram e assumem o protagonismo da nossa resistência nesse território brasileiro.

Nesse ano de 2023, seguimos lutando contra as desigualdades que cercam o nosso povo, como a violência política contra as mulheres negras nos espaços institucionais, a misoginia e outros fenômenos que teimam em querer tirar nossa história e nos silenciar, mas não conseguiram e não conseguirão! Vamos demarcar as existências e resistências de homens e mulheres negras.

Somos os frutos de mulheres negras, sob o comando e o legado de Luiza Barros, Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Marielle Franco, Makota Valdina, mãe Hilda Jitolu, Maria Firmino, Antonieta de Barros, Tereza de Benguela, Tia Ciata, Dona Ivone Lara, entre outras mulheres que não abriram mãos de continuar a luta!

Mesmo diante das adversidades e atrocidades, seguimos galgando espaços e na luta contra todas as formas de opressão, no combate ao racismo e contra o sexismo. Iniciamos as comemorações para marcar nossa história e vamos subir a Serra da Barriga no dia 20 de novembro para nos encontrarmos mais uma vez com nossa história de resistência, referenciando nossos ancestrais. Salve Dandara! Salve Zumbi dos Palmares!

ieda lealIêda Leal – Secretária de Combate ao Racismo da CNTE; Secretária de Comunicação da CUT-GO; Tesoureira do SINTEGO; Coordenadora Nacional do Movimento Negro Brasileiro.

 

 

lustrações: Divulgação/ Rafael Werkema/ CFESS.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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