Julho, mês de luta!
Neste mês de luta ocorrem as comemorações dos 46 anos do Movimento Negro Unificado (MNU). Criado durante emblemático ato público realizado em 7 de julho de 1978, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, o MNU representa um marco de luta no combate ao racismo no Brasil.
Por Iêda Leal
Com a existência do MNU, brotaram outras entidades e coletivos com o mesmo sentido e com a mesma perspectiva de garantir os direitos da população negra em nosso país. Um grande salve, portanto, para o MNU!
Em 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, criado no 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, capital da República Dominicana, em 1991.
Ali, mulheres negras discutiram sobre modos de combater o machismo, o racismo e todas as formas de violência e preconceito sobre as pessoas negras.
É também em julho, no dia 25, que, no Brasil, celebramos o Dia Nacional Tereza de Benguela, aguerrida mulher quilombola do Quilombo de Quariterê, localizado em Mato Grosso. Símbolo de liderança e força, Tereza construiu e comandou, por duas décadas, um movimento de resistência à escravidão, lutando pela liberdade do seu povo.
Ao homenageá-la, celebramos o legado de todas as mulheres negras que honraram e honram nossa capacidade de reorganizar nossos passos a todo momento.
Essas datas nos lembram os anos de lutas negras sem interrupções em nome do nosso povo, vítima de quase 400 anos de escravidão, quando nossos ancestrais foram violentamente arrancados do continente africano e explorados em território brasileiro.
Nossa história de luta se mistura com as águas dos oceanos e deixa marcas que atravessam séculos. Nelas, destaca-se a dedicação de mulheres negras que assumiram e assumem o protagonismo da nossa resistência nesse território brasileiro.
Nesse ano de 2024, seguimos lutando contra as desigualdades que cercam o nosso povo, como a violência política contra as mulheres negras nos espaços institucionais, a misoginia e outros fenômenos que teimam em querer tirar nossa história e nos silenciar, mas não conseguiram e não conseguirão! Vamos demarcar as existências e resistências de homens e mulheres negras.
Somos os frutos de mulheres negras, sob o comando e o legado de Luiza Barros, Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Marielle Franco, Makota Valdina, mãe Hilda Jitolu, Maria Firmino, Antonieta de Barros, Tereza de Benguela, Tia Ciata, Dona Ivone Lara, entre outras mulheres que não abriram mãos de continuar a luta!
Mesmo diante das adversidades e atrocidades, seguimos galgando espaços e na luta contra todas as formas de opressão, no combate ao racismo e contra o sexismo. Iniciamos as comemorações para marcar nossa história e vamos subir a Serra da Barriga no dia 20 de novembro para nos encontrarmos mais uma vez com nossa história de resistência, referenciando nossos ancestrais. Salve Dandara! Salve Zumbi dos Palmares!
Iêda Leal – Secretária de Combate ao Racismo da CNTE; Secretária de Comunicação da CUT-GO; Tesoureira do SINTEGO; Coordenadora Nacional do Movimento Negro Brasileiro. Ilustrações: Divulgação/ Rafael Werkema/ CFESS.