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Justiça Federal determina retomada urgente de programa de distribuição de água no Nordeste

Federal determina retomada urgente de programa de distribuição de água no

Bloqueado por Bolsonaro, os efeitos negativos dessa suspensão foram sentidos por mais de 1,6 milhão de pessoas.

Por Mídia Ninja/Redação

A Justiça Federal de Alagoas emitiu uma decisão que exige a retomada imediata das ações da Operação Carro-Pipa pelo governo de Luiz Inácio da (PT). A operação é responsável por fornecer água potável às famílias que residem nas regiões rurais do Nordeste brasileiro. Essa iniciativa crucial teve suas verbas interrompidas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como destacado pela  Capital.

Os efeitos negativos dessa suspensão foram sentidos por mais de 1,6 milhão de pessoas, que enfrentaram a escassez de abastecimento a partir do início de novembro de 2022, segundo o repórter Wendel Do Carmo. A operação era financiada por recursos do Exército e do Ministério da Integração e Regional, os quais alegaram falta de recursos para manter as atividades essenciais.

A decisão judicial, originada de uma ação civil pública apresentada pela Defensoria Pública da União, determina também uma compensação financeira. Inicialmente solicitando R$ 10 milhões por danos morais, o juiz Raimundo Alves de Campos Júnior optou por um valor de R$ 2 milhões, que será direcionado para a construção de cisternas destinadas às comunidades do semiárido.

Na decisão, o juiz expressou sua preocupação quanto à paradoxal situação de ver pessoas sofrendo com a falta de água potável em um predominantemente coberto por água. Além disso, enfatizou a responsabilidade da União em tomar medidas administrativas e orçamentárias para garantir o acesso contínuo à água potável. O magistrado também exigiu a apresentação de uma proposta orçamentária ao Congresso com valores adequados para manter plenamente a execução da operação até o final do ano.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: Agência .

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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