La culinária/A comida

La culinária/A : Se lo hace como cura, alquimia, magia pura

Por Reinaldo Filho Vilas Bôas Bueno

Se lo hace como cura:

Alquimia, magia pura.

Yo lo sepá – aún jamas;

Algún qualquer que sea

Que degústelo con permiso…

Mis ilusiones y mis bandidos.

Sienten talvez el pesado sabor de ajos,

Mis manos de fe y trabajo – escravos,

La cebolla que desagua en el sacro aceite;

Tal qual desagua el sal de mis ojos cansados.

Esta noche esto es larga parte de mi brujería.

Composición toda que fundamenta mi creer.

Composición tola lamenta: ¡Hay que hacer!

Hago siempre la mistura con negra habilidad,

De la color de mis manos, de mi corazón,

De mi magia rota para que todo lo pára.

Mi sangre también negro, mi perdición.

Pienso: – Quédate como se no lo sea nada.

Empieza de mí visión primer por mi palabra.

Mi alquimia, magia oscura – aquí escribir:

Magia escribir; un brujo escritor de nadie.

Todo los dos por , o, que sea, por dolor.

La mesa preparada con mi alcohol, mi fuego,

Mi fardo y dolor – y mi desespero.

Desesperado. Siempre tan apresado.

Que sea la culinária una magia más:

una más. Adelante – y hay más.

Fonte:@aschavesdamagia

 

Isso é feito como uma cura:

Alquimia, pura magia.

Eu sei disso – nunca mais;

Alguma qualquer que seja

Deixe-a prová-la com permissão …

Minhas ilusões e meus bandidos.

Talvez eles sintam o gosto pesado do alho,

Minhas mãos de fé e – escravos,

A cebola que drena para o óleo ;

Então, quem drena o sal dos meus olhos cansados.

Esta noite esta é uma parte longa da minha feitiçaria.

Composição tudo que apoia minha crença.

Composição tola lamenta: Deve ser feito!

Eu sempre faço a mistura com habilidade preta,

Da cor das minhas mãos, do meu coração.

Da minha magia quebrada para que tudo pare.

Meu sangue preto também é negro, minha ruína.

Eu penso: – Fique como você não é nada.

Minha primeira visão começa com a minha palavra.

Minha alquimia, magia negra, preta – aqui escreva:

Magia escreva; um escritor de bruxas de ninguém.

Todos os dois por amor, ou seja, por dor.

A mesa preparada com meu álcool, meu ,

Meu fardo e dor – e meu desespero.

Desesperado Sempre tão preso.

Deixe a culinária ser outra mágica:

Mais uma. Vá em frente – e há mais.

 

Fonte: instagram@magiasdomestrebueno

Tradução Iêda Vilas Bôas

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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